ATA DA DÉCIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 24-3-2003.
Aos vinte e quatro dias do mês de março de dois mil
e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib,
Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela
Maffei, Raul Carrion, Renato Guimarães e Wilton Araújo. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos
Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói
Guimarães, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu
D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano e
Zé Valdir. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos
os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da
Sétima, Oitava, Nona e Décima Sessões Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA,
foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, os Pedidos de Informações n°s
048 e 049/03 (Processos n°s 1220 e 1223/03, respectivamente); pelo Vereador
Carlos Alberto Garcia, 39 Pedidos de Providências; pelo Vereador Cassiá Carpes,
02 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo n° 026/03
(Processo n° 1188/03); pelo Vereador Elói Guimarães, a Emenda n° 01 ao Projeto
de Lei Complementar do Legislativo n° 003/03 (Processo n° 0868/03); pelo
Vereador Haroldo de Souza, 07 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Bosco
Vaz, o Projeto de Lei do Legislativo n° 023/03 (Processo n° 1089/03); pelo
Vereador Reginaldo Pujol, 04 Pedidos de Providências. Também, foram apregoados
os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando
desarquivamento de processos: de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, com
referência ao Projeto de Lei do Legislativo n° 007/03 (Processo n° 0454/03); de
autoria do Vereador Elói Guimarães, com referência ao Projeto de Lei do
Legislativo n° 207/02 (Processo n° 3302/02) e ao Projeto de Lei Complementar do
Legislativo n° 005/02 (Processo n° 1150/02); pelo Vereador Luiz Braz, com
referência ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 008/00 (Processo n°
1357/00); pelo Vereador Nereu D’Avila, com referência ao Projeto de Lei do
Legislativo n° 072/02 (Processo n° 1348/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios
n°s 3550/02, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Gerente de Desenvolvimento Urbano
da Caixa Econômica Federal – CEF; 242 e 260/02, do Senhor Paulo Roberto
Teixeira Guerra, Gerente da GTES – GEFIN – GF do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES; 10619394, 10620116, 10620189 e
10620339/02, e 10007650, 10008286, 10008466, 10008678, 10009104 e 10009702/03,
do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de
Saúde do Ministério da Saúde. A seguir, constatada a existência de quórum, foi
aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Ervino Besson, solicitando
alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o GRANDE
EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o centenário da morte do General Menotti
Garibaldi, o filho brasileiro sos heróis Giuseppe e Anita Garibaldi, nascido no
Município de Mostardas – RS e sepultado em Aprilia, Itália, nos termos do
Requerimento n° 046/03 (Processo n° 1108/03), de autoria do Vereador Dr.
Goulart. Na oportunidade, o Vereador Isaac Ainhorn, Líder da Bancada do PDT,
informou que, em razão da ausência do Vereador Dr. Goulart, acometido de crise
hipertensiva, fará uso da palavra em substituição a Sua Excelência. Compuseram
a Mesa: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre; o Deputado Federal Francisco Appio; o Senhor Marne Vitorino de Souza,
Prefeito Municipal de Mostardas – RS; a Senhora Elma Sant’Ana, escritora; a
Vereadora Maria Celeste, 1ª Secretária da Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador
Isaac Ainhorn, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, discorreu sobre a
vida do General Menotti Garibaldi, destacando aspectos alusivos à sua
habilidade no comando de tropas militares e a sua participação na história
italiana, defendendo o País de invasões estrangeiras e lutando ao lado de seu
pai em diversos episódios históricos. Também, relatou a participação de
Giuseppe e Anita Garibaldi em campanhas libertárias no Brasil e na Itália. A
seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Deputado Federal Francisco
Appio e à escritora Elma Sant’Ana, que destacaram a relevância do registro hoje
realizado pela Câmara Municipal de Porto Alegre, alusivo ao centenário de
falecimento do General Menotti Garibaldi. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Raul
Carrion referiu-se aos oitenta e um anos de existência do Partido Comunista do
Brasil – PC do B, mencionando as diretrizes políticas que orientaram a formação
dessa agremiação partidária e historiando as perseguições e injustiças
cometidas contra seus membros ao longo de sua história, afirmando a tenacidade
e determinação com que seus filiados sempre desempenharam suas atividades
políticas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion deu continuidade ao
pronunciamento efetuado por Sua Excelência em Comunicações, acerca dos oitenta
e um anos de atividades do Partido Comunista do Brasil – PC do B, tecendo
considerações sobre as principais idéias defendidas por esse partido e sobre a
sua participação em diversos movimentos em prol da liberdade política e da adoção
de medidas públicas que garantam a melhoria das condições de vida dos
brasileiros. Na ocasião, foi apregoado o Requerimento n° 066/03 (Processo n°
1212/03 – Sessão Especial para debater a segurança pública no Município de
Porto Alegre e para apresentar o Plano de Segurança da Secretaria Estadual da
Justiça e da Segurança e da Secretaria Municipal de Segurança e Direitos
Humanos), de autoria do Vereador Wilton Araújo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Carlos Alberto Garcia manifestou-se sobre as dificuldades enfrentadas pelos
jovens brasileiros para obterem vaga no mercado de trabalho. Também, mencionou
manifestação realizada por alunos das Faculdades Porto-Alegrenses - FAPA,
contra a ação militar norte-americana no Iraque, bem como diversos atos
públicos realizados em vários países, a favor da paz e contra a guerra travada
entre os Estados Unidos da América e o Iraque. O Vereador Carlos Pestana,
reportando-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Raul Carrion em
Comunicações, saudou o Partido Comunista do Brasil – PC do B – pelos seus
oitenta e um anos de existência. Ainda, elogiou iniciativas do Senhor Luiz
Inácio Lula da Silva, Presidente da República, em retirar de tramitação Projeto
de Lei que estabelecia a privatização dos serviços de fornecimento de água
potável e em promover a construção de habitações populares. O Vereador Cassiá
Carpes abordou aspectos alusivos à greve deflagrada hoje pelos médicos,
dentistas e funcionários municipais que prestam serviços ao Sistema Único de
Saúde – SUS – e aos problemas verificados no sistema público de segurança do
Estado do Rio Grande do Sul. Também, relatou visita realizada por Sua
Excelência a loteamento irregular situado em Porto Alegre, criticando as
políticas habitacionais implementadas pelo Executivo Municipal. O Vereador
Cláudio Sebenelo abordou aspectos relativos às diversas manifestações
realizadas em todo o mundo, contra a ação armada empreendida pelos Estados
Unidos da América contra o Iraque. Ainda, dissertou sobre as reivindicações
apresentadas pelos médicos, dentistas e funcionários municipais que prestam
serviços ao Sistema Único de Saúde – SUS, com referência aos salários
percebidos e à carga horária a ser cumprida por esses servidores. A Vereadora
Clênia Maranhão pronunciou-se acerca dos índices de violência urbana
verificados na Cidade de Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul, especialmente
no que tange à prática de roubos e latrocínios contra jovens. Também, externou
seu repúdio à ação militar empreendida pelos Estados Unidos da América contra o
Iraque e lamentou o homicídio praticado contra o Juiz da Vara de Execuções
Penais do Estado do Espírito Santo, Senhor Alexandre Martins de Castro Filho. A
Vereadora Maristela Maffei procedeu à leitura de texto de autoria do Senhor
Emir Saad, professor das Universidades Federais do Rio de Janeiro e de São
Paulo, relativo à decisão tomada pelo Senhor George Walker Bush, Presidente dos
Estados Unidos da América, em declarar guerra ao Iraque, analisando os efeitos
políticos que essa guerra acarretará na política interna norte-americana.
Também, manifestou-se sobre a greve deflagrada pelos médicos, dentistas e funcionários
municipais vinculados ao SUS. O Vereador Beto Moesch reportou-se ao transcurso,
no dia vinte e dois de março do corrente, do Dia Mundial da Água, propugnando
pela adoção de medidas públicas que garantam a preservação do meio ambiente
natural e a conseqüente preservação dos mananciais hídricos do planeta. Nesse
sentido, referiu-se à grande quantidade de recursos naturais existentes no País
e criticou as políticas de proteção ao meio ambiente implementadas pelos
Executivos Municipal e Estadual. A seguir, o Vereador Isaac Ainhorn formulou
Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente
Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal discursou sobre
matéria publicada hoje pelo jornalista José Barrionuevo, que versa sobre o
posicionamento de Sua Excelência quanto às políticas públicas a serem adotadas
na área de segurança, com o intuito de combater o crescimento da violência no
Estado. Nesse sentido, contrapôs-se às declarações proferidas pelo Senhor José
Otávio Germano, Secretário Estadual da Justiça e da Segurança do Estado do Rio
Grande do Sul, que tratam do assunto. A seguir, constatada a existência de quórum,
foi aprovado o Requerimento verbal anteriormente formulado pelo Vereador Isaac
Ainhorn, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. EM
COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Vereador Haroldo de Souza cobrou ações eficazes do
Governo Federal, no que diz respeito à fiscalização do aumento nos preços de
diversos medicamentos e manifestou-se favoravelmente ao pronunciamento do
Vereador Pedro Américo Leal, no que tange à política de segurança pública do
País. Também, aludiu à questão da greve dos servidores públicos municipais da
área da saúde e teceu considerações sobre a implementação do Programa Fome Zero
no Município. O Vereador Elói Guimarães reportou-se ao homicídio do Magistrado
Alexandre Martins de Castro Filho, ocorrido hoje no Município de Vila Velha -
ES, analisando criticamente esse acontecimento e defendendo a necessidade de
uma atuação mais austera, por parte do Poder Público, no sentido de coibir o
desenvolvimento do crime organizado no Brasil. Também, afirmou que, no entender
de Sua Excelência, o Estado Democrático de Direito não deve permitir a
ocorrência de crimes daquela natureza. O Vereador Marcelo Danéris examinou os
motivos que levaram servidores da área de saúde do Município a deflagrarem novo
movimento grevista, destacando a postura adotada pelo Executivo Municipal na
busca de uma solução consensual para debelar a questão. Com relação ao assunto,
discorreu sobre decisão do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul – SIMERS – de
apoiar o movimento, repudiando a conduta do Senhor Paulo de Argollo Mendes,
Presidente do referido sindicato, na condução do problema. O Vereador Cláudio
Sebenelo referiu-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Marcelo Danéris,
relativamente à greve dos servidores municipais da área de saúde pública,
reportando-se às condições de infra-estrutura dos postos de saúde da Capital e
às diferenças salariais existentes. Ainda, propugnou pela renúncia do Senhor
Secretário Municipal de Saúde e contrapôs-se às políticas públicas
implementadas nessa área pelo Partido dos Trabalhadores, enquanto à frente do
Executivo Municipal. O Vereador Isaac Ainhorn pronunciou-se a respeito da
greve, reiniciada hoje, dos médicos e odontólogos que atendem nos postos de
saúde de Porto Alegre, criticando o rumo dado às negociações por parte do
Governo Municipal. Ainda, segundo Sua Excelência, os profissionais da área
médica estão cumprindo com competência sua função, sendo que o Executivo, de
sua parte, não está gerenciando de maneira eficaz o sistema de saúde da Cidade.
O Vereador Reginaldo Pujol reportou-se às tratativas em torno da greve dos
médicos e dentistas municipais, desaprovando a forma pela qual a Prefeitura tem
conduzido a questão e declarando que houve descumprimento do acordo firmado com
a categoria médica. Também, questionou as políticas públicas do Governo
Federal, destacando a necessidade de maior agilidade, no que se refere,
principalmente, aos projetos de reformas tributária e previdenciária para o
País. O Vereador Wilton Araújo, abordando a paralisação dos médicos e odontólogos
que prestam serviço ao Município, divergiu do encaminhamento dado pelo Governo
Municipal para as negociações com o movimento grevista. Nesse sentido,
justificou haver falta de condições razoáveis para o atendimento médico à população
necessitada, citando como exemplos a demora no atendimento especializado e a má
distribuição dos postos de saúde em Porto Alegre. A seguir, constatada a
existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação
Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 004/02,
considerando-se rejeitado o Veto Parcial a ele aposto, por dezoito votos SIM e
onze votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Sebastião Melo, Juarez
Pinheiro, Isaac Ainhorn, Marcelo Danéris, Reginaldo Pujol, Carlos Pestana e
Raul Carrion e encaminhado à votação pelos Vereadores Marcelo Danéris, Raul
Carrion e Carlos Alberto Garcia, tendo votado Sim os Vereadores Beto Moesch,
Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal,
Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz,
João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo
Pujol, este com Declaração de Voto, Sebastião Melo e Wilton Araújo e Não os
Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Juarez Pinheiro,
Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul
Carrion, Renato Guimarães e Zé Valdir. Durante a apreciação do Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 004/002, os Vereadores Aldacir Oliboni, Margarete
Moraes e Almerindo Filho cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos
Vereadores Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris e Reginaldo Pujol. Na ocasião, foi
rejeitado Requerimento de autoria do Vereador Carlos Pestana, solicitando o adiamento,
por uma Sessão, da votação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
004/02, com Veto Parcial, por treze votos SIM e dezessete votos NÃO, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Luiz Braz e Isaac
Ainhorn, em votação nominal solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, tendo
votado Sim os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Carlos
Pestana, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Margarete Moraes,
Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Renato Guimarães
e Zé Valdir e Não os Vereadores Beto Moesch, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo,
Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson,
Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Pedro Américo Leal,
Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Também, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da apreciação do Requerimento
do Vereador Carlos Pestana, que solicita o adiamento, por uma Sessão, do
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 004/02, tendo os Vereadores Carlos
Pestana, Pedro Américo Leal e Marcelo Danéris manifestado-se a respeito. Ainda,
o Vereador João Bosco Vaz manifestou-se acerca do recebimento, pelo Vereador
Haroldo de Souza, do Prêmio Top of Mind, concedido pela revista Amanhã, na
categoria “Locutor Esportivo de Rádio” e o Senhor Presidente convidou os
presentes para a Sessão Solene a ser realizada amanhã, às dezessete horas, em
homenagem aos duzentos e trinta e um anos de Porto Alegre. A seguir, foi votado
Requerimento verbal de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando alteração
na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, o qual obteve oito
votos SIM e sete votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores
Marcelo Danéris, Isaac Ainhorn e Sebastião Melo, em votação nominal solicitada
pelo Vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Dr. Goulart, Elias
Vidal, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Maristela Maffei, Raul Carrion, Renato
Guimarães e Sebastião Melo e Não os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Pestana,
Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Margarete
Moraes, Maria Celeste e Zé Valdir, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente,
face à inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e vinte minutos,
constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e Maria Celeste e secretariados
pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra,
para um Requerimento.
O SR. ERVINO BESSON (Requerimento): Solicito que o período de Grande
Expediente seja o primeiro na Sessão desta tarde, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Está em votação o Requerimento de autoria
do Ver. Ervino Besson para que o Grande Expediente seja o primeiro período da
Sessão de hoje. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos
ao
O
período do Grande Expediente está destinado a assinalar o transcurso do
centenário da morte do General Menotti Garibaldi, o filho brasileiro dos heróis
Giuseppe e Anita Garibaldi, nascido em Mostardas/RS e sepultado em Aprilia, na
Itália, nos termos do Requerimento n.º 046/03, de autoria do Ver. Dr. Goulart.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, há pouco me ligou o
ilustre Ver. Dr. Goulart, que apresentou um problema hipertensivo, e solicitou
à Liderança da sua Bancada, o PDT, para que eu usasse o tempo para esta
homenagem.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O tempo será utilizado por V. Ex.ª.
Solicito
a presença nesta Mesa da escritora Elma Sant’Ana.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Grande Expediente, e falará em nome da
Casa nesta homenagem que se presta a Menotti Garibaldi.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, eminente escritora Elma Sant’Ana, uma das
divulgadoras e propagadoras da obra de Giuseppe Garibaldi, sobretudo de Anita
Garibaldi. Elma Sant’Ana é uma das integrantes do grupo de rio-grandenses
intitulado Anitas. A nossa saudação especial a ela.
Honrar-me-ia
muito ser o autor desta iniciativa, que foi do meu colega de Bancada, Ver. Dr.
Goulart, que me deferiu a honra de, neste momento, fazer a manifestação em
função de problema de saúde de que foi há pouco acometido. Estou aqui, apenas -
por que não assim dizer? - trazendo a sua manifestação, sendo o interlocutor da
manifestação do meu colega de Bancada, Ver. Dr. Goulart, expressando, também, o
sentimento desta Casa e dos demais integrantes em função da deferência especial
que me incumbiu o Presidente João Antonio Dib.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Isaac Ainhorn, eu solicitaria
a V. Ex.ª para interrompê-lo, porque o Deputado Francisco Appio está chegando e
eu gostaria que ele fizesse parte da nossa Mesa. (Pausa.)
O SR. ISAAC AINHORN: Hoje é um dia que esta Casa relembra a
saga dos Garibaldi e a importante participação efetiva na história de nosso
Estado. Menotti, filho de Giuseppe e Anita, cresce em graça e sabedoria. No dia
27 de dezembro de 1847, dois anos após o término da saga da Revolução
Farroupilha, Garibaldi envia Anita com os filhos Menotti, Ricciotti e Tereza
para a Itália. Que momento esse! Do porto de Montevidéu, da murada do barco,
abraçada aos filhos, Anita abana para o marido, seus soldados e depois vê a
terra americana se afastar. Adeus, Laguna! Adeus, Santa Catarina! Adeus,
Mostardas! Adeus, Viamão! Sítios de felicidade ou de tristeza, mas que ela
nunca mais verá. Menotti tem 7 anos, certamente fala castelhano melhor do que o
português da mãe e o italiano do pai. Como será a visão desse mundo turbulento
de uma criança que só conhece a guerra desde o momento em que nasceu? É assim,
com o azul dos olhos, que Menotti Garibaldi, nascido em Mostardas, no Rio
Grande do Sul, deixa para sempre o continente natal. Menotti, de guerreiro a
político e homem do campo. As campanhas do pai prosseguem, o nome de Garibaldi
é um grito de liberdade pela reunificação da Itália. Aos 16 anos, Menotti não
resiste à voz do sangue e se torna mais um garibaldino voluntário, acompanhando
o pai a Cabreira. Nunca mais, até a morte do herói, eles vão se separar. E
Menotti será, mais que qualquer outro, digno da herança histórica de Garibaldi.
Em
25 de setembro de 1859, acompanha o pai na transladação dos restos mortais de
Anita Garibaldi, de Mandriole para Nice, numa emocionante consagração
garibaldina em romaria cívica.
Não
tinha completado 20 anos quando se alistou como voluntário no Esquadrão Guide
e, em 1860, acompanha o pai na famosa Campanha dos Mille, fazendo brilhar sua
espada nos combates de Calatafimi, Palermo, região da Calábria e Montecaro, e
recebe, por bravura, duas condecorações: uma de sangue - o primeiro ferimento
recebido em combate; outra, a ordem militar de Savóia, no grau de cavaleiro.
Em
1862, já comanda o Batalhão de Artilheiros no Aspromonte, e na 3.ª Guerra de
Independência comanda o 9.º Regimento do Corpo de Voluntários. Nessa campanha,
perto de Bezzecca, expulsa os austríacos de Locca, combatendo até mesmo dentro
das casas e recebendo, por decreto real, a Medalha de Ouro de Valor Militar.
Diz o decreto do Rei: “Demonstrou capacidade de inteligência marcante durante a
campanha, conduzindo o próprio regimento em operações delicadas e importantes.
Distinguiu-se pelo golpe de vista à altura da situação e ao valor no
combatimento, no qual grande parte do sucesso foi devido a ele. Tem 25 anos
apenas e já um dos mais famosos comandantes garibaldinos”.
Em
1870, quando Garibaldi acode em auxílio à França, o Coronel Menotti é promovido
a Comandante de Brigada, com o grau de General, e lidera franceses e italianos,
lutando em Autum e Dijon, e chegando a comandar todo o exército na ausência do
pai.
Após
a morte do pai, Menotti abandonou a vida guerreira para sempre. Com a paz e um
passado digno e honrado, tornou-se um político e agricultor. Criou e
desenvolveu projetos revolucionários. Republicano sincero, sonhava com a
libertação do homem do campo, com o fim do feudalismo, o qual, segundo ele,
retardava a chegada do progresso na Itália. E ele não falava por falar:
surpreendia todo mundo, pois sabiam que o General e Deputado, titular de um
feudo, convivia de igual para igual com os servos da gleba, procurando
amenizar-lhes a dura vida e tentando achar para esses italianos, desprotegidos
da sorte, um caminho mais digno de futuro.
Foi
eleito Deputado por Velletri e enfrentou, com sucesso, o saneamento de vastos
loteamentos da campanha romana. Foi também Presidente do Conselho Provincial de
Roma, essa figura que hoje esta Casa relembra e evoca.
Menotti
Garibaldi morreu aos 63 anos de idade, em 22 de março de 1903, quando tanto
havia ainda para ser feito. Seu túmulo, em Aprillia, no Cemitério de Carano,
faz justiça ao herói, filho de herói e de heroína. Deu seu corpo à terra que
ele tanto amou e pela qual lutou.
Segundo a tradição, quando
o grande poeta Gabriele D’Annunzio proferia o elogio fúnebre a Menotti, um
grupo de cavaleiros, rudes homens de campanha, sem qualquer comando, abriu
alas. Os instrumentos de trabalho que portavam naquela hora mágica pareceram as
lanças farroupilhas que escreveram, com penas marciais, a história da gloriosa
República Rio-Grandense daqueles farrapos heróicos, que um dia acompanharam seu
pai, no lombo do cavalo e de lança na mão. Se um vento soprou naquele momento,
antes que o caixão fosse cerrado, se alguma brisa mexeu no cabelo do herói, que
dormia, como seria fácil aos gaúchos rio-grandenses de Mostardas, de São Simão,
pensar que o Pampa americano, que a terra brasileira, novamente beijava seu
filho querido, o único Garibaldi gaúcho, brasileiro.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, escritora Elma, meu caro Deputado Appio, esta
terra, que soube promover atos de rebeldia, nesta oportunidade, por ocasião do
centenário de passamento desse grande herdeiro dessa extraordinária família de
revolucionários e precursores de grandes idéias, traz hoje a sua reverência, o
seu resgate, relembrando a figura de Menotti Garibaldi por ocasião do
centenário de seu nascimento.
Certamente,
o Vereador autor desta homenagem, Dr. Goulart, Sr. Presidente, Ver. João
Antonio Dib, interpretaria, com certeza, com mais sentimento, com mais arte a
sua manifestação e a manifestação desta Casa, do que este Vereador, a quem V.
Ex.ª deferiu a honra de representar, nesta oportunidade.
Mas
quero aqui deixar expresso que, da distante Mostardas, em relação à Itália, e
próxima à Porto Alegre, toda a trajetória que hoje se resgata e se pesquisa em
obras, a começar pela própria biografia de Giuseppe Garibaldi, que traz
importantes contribuições e introduz o Rio Grande no mapa das grandes idéias da
vanguarda revolucionária, já no século passado, nos idos da revolução gloriosa
de 1935, traz, hoje, à lembrança essa figura, Menotti, filho do Rio Grande,
filho de Mostardas, filho de Giuseppe e de Anita Garibaldi, hoje relembrado
como uma figura singular e ímpar, cuja memória ficará eternamente gravada na
história deste Estado e nos Anais desta Casa, por ocasião desta homenagem.
Parabéns,
sobretudo ao Grupo de Anitas, que tem feito um papel, um trabalho
extraordinário, de anos e anos, de resgate da história dessa mulher
extraordinária, dessa revolucionária, que sabia ouvir, que tinha sensibilidade
e que se transformou, junto com Garibaldi, em heroína. Os dois foram “heróis
dos dois mundos”. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Casa sente-se honrada em oferecer a
palavra ao nobre Dep. Francisco Appio.
O SR. FRANCISCO APPIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, ilustres visitantes, não resisti ao convite do meu conterrâneo,
Presidente desta Casa, para formular aqui algumas palavras, porque estou
verdadeiramente fascinado pelo trabalho de uma outra Anita, que é a nossa Elma
Sant’Ana. Essa senhora tem, nas sua pesquisas, nos seus trabalhos, nas suas
publicações, contribuído, de forma extraordinária, para que os gaúchos e os
brasileiros não só reconheçam, identifiquem, valorizem o trabalho realizado por
Menotti, mas, sobretudo, que isso sirva de exemplo a outros “Menottis”.
Sr.
Presidente, senhoras e senhores, fiz, no mês de janeiro, por ocasião do recesso
parlamentar, uma pesquisa de duas semanas em vários pontos por onde Menotti
andou. Fui à Ilha da Caprera, onde estão os restos mortais de Giuseppe
Garibaldi, onde estiveram as Anitas; vi suas fotos da sua presença naquela
ilha, onde repousa o corpo do grande herói. Fui à colina Dianicolo em Roma,
onde estão os restos mortais de Anita, onde, igualmente, a Elma Sant’Ana e as
Anitas já a reverenciaram por várias vezes e publicamente. Fui a Aprillia, fui
a Carano, ao cemitério, ao mausoléu onde se encontra o corpo do gaúcho.
E
nos contatos com o governo italiano, com o Ministério da Cultura, foi possível
verificar o desejo que tem aquele Governo de, efetivamente, valorizar, aqui no
Brasil, esse centenário.
Por isso, a iniciativa do
Ver. Dr. Goulart, aqui representado pelo Ver. Isaac Ainhorn, que adicionou,
após a leitura do discurso, observações da maior valia: é preciso que esse
centenário não fique restrito ao trabalho da nossa “Anita” Elma Sant’Ana. É
preciso que os Parlamentos, que a Assembléia Legislativa, que a Câmara Federal,
onde nós já requeremos um Grande Expediente sobre esse tema, que as escolas,
que as instituições públicas apresentem que não foi só o Falcão o gaúcho que
fez sucesso na Itália; bem antes dele e por razões quem sabe mais nobres, houve
Menotti, que foi “encomendado” - no jargão serrano - nos campos da Vacaria, meu
caro Ver. João Antonio Dib, depois da Batalha do Passo da Vitória, e que nasceu
em Mostardas. Ele fez na Itália uma carreira política brilhante como
revolucionário, homem público, homem de bons costumes, e era, sobretudo, alguém
que tinha o orgulho de dizer que era nascido no Rio Grande do Sul, Brasil!
Meus
cumprimentos a esta Casa e agradeço a oportunidade que me concedem de falar a
este Plenário. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrando a homenagem que prestamos ao
centenário do falecimento de Menotti Garibaldi, a nossa escritora e cultuadora
da memória de Garibaldi, Sr.ª Elma Sant’Ana, está com a palavra.
A SRA. ELMA SANT’ANA: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Ver. Isaac Ainhorn, meu querido Deputado Francisco Appio, minhas queridas
Anitas; Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras desta Casa, eu hoje me
sinto muito emocionada por estar aqui na Câmara de Vereadores e por falar sobre
Menotti Garibaldi. Gostaria de agradecer a todos os Srs. Vereadores desta Casa
a honra que é dada a esse homem, Menotti, que já nasceu republicano, pois
nasceu no dia 16 de setembro de 1840, em pleno período da Revolução
Farroupilha. O seu nascimento modificou o rumo também da Revolução Farroupilha,
porque, de certa forma, obrigou seus pais a seguirem outro caminho: eles foram
para o Uruguai, onde Anita teve mais três filhos. A família embarca para a
Itália e lá, Menotti, com 9 anos, sabe do falecimento de sua mãe.
Vejam
bem, três crianças órfãs de Anita Garibaldi.
Mesmo
assim, Garibaldi é um grande pai; educa os filhos dentro do heroísmo, dentro da
fraternidade, dentro da igualdade, dentro de todos esses valores que também ele
aprendeu aqui com os gaúchos.
Menotti Garibaldi foi
Deputado, durante 24 anos, em Velletri; saneou toda a Região do Agro Pontino.
Morreu de malária com 63 anos. Foi Medalha de Ouro de Valor Militar, Presidente
do Conselho de Roma, dentre muitas atividades que teve como Parlamentar, como
agricultor, como político e como homem público. Foi amigo do seu pai até a
morte dele.
Por
isso é muito importante, no dia de hoje, que se faça esta homenagem, quando a
Itália também está homenageando no início do centenário da sua morte, esse
homem, que é o único descendente de Garibaldi no Brasil, o único filho brasileiro.
Também o considero o último centauro gaúcho que, com toda essa formação dele,
aqui, foi para a Itália onde foi um vencedor. Nasceu em Mostardas, na
localidade de São Simão e está enterrado lá em Aprillia, na Itália. Agradeço
mais uma vez, e também às “Anitas” que têm percorrido todo esse Rio Grande do
Sul, inclusive com desfile na Itália. Agradeço, mais uma vez, aqui esta
homenagem a um homem público. Como os senhores que estão aqui, ele também foi
um grande Parlamentar. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrada a homenagem à Menotti
Garibaldi, solicitaria que o Vice-Presidente, Ver. Elói Guimarães, acompanhasse
os nossos convidados para as despedidas. Também quero agradecer ao Deputado
Francisco Appio, a minha querida Elma Sant’Ana pelo brilhantismo que
emprestaram a esta homenagem a um gaúcho que escreveu a sua história em dois
continentes. Saúde e paz!
Passamos
às
O
Ver. Dr. Goulart cede seu tempo para o Ver. Raul Carrion, que fala por
transposição de tempo do Ver. Beto Moesch em Comunicações.
O
Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Vereadores, Vereadoras,
todos aqueles que nos assistem no dia de hoje aqui nesta casa e pela TVCâmara,
há 81 anos, no dia 25 de março de 1922, realizou-se, no Rio de Janeiro, o
Congresso de Fundação do Partido Comunista do Brasil. Em um País onde tantos
partidos se criam, se fundem ou desaparecem da noite para o dia em função de
interesses menores, a persistência do Partido Comunista do Brasil, por 81 anos
ininterruptos, deve-nos fazer refletir, ainda mais que este foi o Partido mais
perseguido, mais caluniado e mais reprimido de toda a história do País. Tanto é
assim que, nesses 81 anos de luta, teve apenas 20 anos de direito à existência
legal, entre 1945 e 1947 e entre 1985 e 2003. Durante os demais 61 anos, seus
militantes eram presos, torturados e assassinados.
O
surgimento do PC do B não foi fruto do acaso ou da vontade de alguém: expressou
o amadurecimento da classe operária brasileira, que, no início da década de 20,
já havia entrado na etapa fabril e na falência do anarco-sindicalismo, diante
do impasse a que levaram as grandes greves operárias de 1917 e 1919. Nesse
contexto, a vitória da revolução russa e a conquista do poder pela classe
operária neste País, iniciando a construção dos socialismo, apontou para as
lideranças operárias brasileiras a necessidade da organização do seu próprio
Partido.
Também
é interessante assinalar que vivíamos no Brasil um momento histórico de
ruptura, a Semana da Arte Moderna, o Levante do Forte de Copacabana, o
Movimento Tenentista e a Coluna Prestes, em que a República Velha fenecia, e a
Revolução de 30 se gestava, último episódio da revolução burguesa no Brasil,
até hoje incompleta. O jovem proletariado brasileiro e o seu Partido, ainda
inexperientes, tinham dificuldades em orientar seu intrincado quadro político
da época. Erros de esquerda e de direita fizeram parte de seu duro aprendizado,
sob feroz perseguição de governos oligárquicos reacionários. Herdeiros das
lutas operárias das duas primeiras décadas do século passado, os comunistas
organizaram os primeiros sindicatos por indústria, a Central Geral de
Trabalhadores. Desfraldaram de maneira pioneira a bandeira da Reforma Agrária
na terra dos coronéis e dos barões do café. Despertaram os trabalhadores para a
luta antiimperialista, pela paz contra a guerra, educaram a classe operária no
internacionalismo proletário, foram os mais ardorosos lutadores pelas
liberdades democráticas. Diante do avanço do nazi-fascismo no mundo e do
integralismo no Brasil, criaram, junto com setores nacionalistas das Forças
Armadas, a Aliança Nacional Libertadora, que, em poucos meses, alcançou mais de
quatrocentos mil filiados, tendo por
bandeiras a defesa da democracia ameaçada, a Reforma Agrária e a independência
nacional. Em julho de 1935, Vargas, simpático ao nazi-fascismo, colocou a ANL
na ilegalidade, fechou suas sedes, prendeu os seus militantes. A resposta foi o
levante de novembro de 1935, sufocado a ferro e fogo. O Golpe de 1937, a
instalação do Estado Novo, a perseguição a todos os democratas mostrou que os
comunistas estavam certos ao prevenir que o Brasil estava ameaçado pelo
totalitarismo fascista. Mesmo na mais dura clandestinidade, o PC do Brasil
lutou pelo envio de tropas brasileiras à Europa para combater o nazi-fascismo e
lutou pela redemocratização do País. Em 1945, com a redemocratização do Brasil,
o PC do B ressurgiu das cinzas como fênix, obtendo a sua legalidade. Em apenas
dois meses de campanha, obteve 10% dos votos, elegeu quatorze Deputados
Federais e um Senador. Suas fileiras logo atingiram duzentos mil filiados,
passou a editar oito diários, teve dezenas de revistas ou semanários. Tão
rápido crescimento não podia ser aceito pelas elites; estas, para quem a
democracia não é um fim, mas um meio de domínio, trataram de colocá-lo na
ilegalidade. Em 1947, o seu registro foi cassado, suas sedes fechadas, seus
militantes perseguidos. Em 1948, os seus Parlamentares foram cassados. Mesmo na
ilegalidade, o Partido faz campanha de massas pela devolução das bases aéreas
norte-americanas no Nordeste, pela campanha do “Petróleo é Nosso”, contra o
envio de tropas à guerra da Coréia, pela paz, pela reforma agrária, pelos
direitos dos trabalhadores, contra a carestia. No final dos anos 50, sob a
influência das idéias reformistas do 20.º Congresso da União Soviética,
surgiram sérias divergências entre os comunistas sobre os caminhos a seguir. A
partir de 1958, prevaleceu a orientação reformista. Em 1961, sem qualquer
congresso, são alterados os estatutos, o programa e o nome do Partido, que
passa a se chamar Partido Comunista Brasileiro. Os que exigem um congresso para
essas mudanças são punidos e decidem reorganizar o Partido Comunista do Brasil
em fevereiro de 1962. Nesse momento eram minoria. Em 1963, o PC do B denunciou
os descaminhos do socialismo na União Soviética e no leste europeu. Em 1964, o
golpe militar jogou por terra as ilusões reformistas do PCB, que entrou em
longo processo de desintegração.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado, nobre Vereador.
O SR. RAUL CARRION: Solicito à Mesa o tempo de Liderança.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Desde o primeiro dia do regime militar, o
PC do B organizou a resistência do nosso povo, junto com as outras forças
oposicionistas. Nas escolas, nas fábricas, nos campos, nos bairros, os
comunistas foram o fermento nas lutas de massas. Foi o Partido que mais sangue
derramou na luta contra a ditadura, que mais presos, torturados e desaparecidos
ofertou em prol da libertação do nosso povo. Grande parte de seus dirigentes
foram assassinados. Só na Guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 1975, enfrentando
mais de vinte mil homens das Forças Armadas, foram mortos mais de setenta
comunistas, a maioria fora de combate.
Esteve
na primeira linha da luta pela anistia, pela revogação dos atos e leis de
exceção, pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte e soberana.
Foi às ruas pelas “Diretas-Já”, e depois pela derrota de Maluf no Colégio
Eleitoral. Em 1985, com o fim do regime militar, reconquistou a legalidade. É
força decisiva na constituição da Frente Brasil Popular, em 1989, que lança
Lula para a Presidência. Desde o seu início combateu o Governo neoliberal de
Collor, e foi às ruas pelo “Fora Collor”. Pugnou com firmeza pela unidade das
forças de esquerda em 1994 e 1998 com a candidatura de Lula. Em 2002 foi força
decisiva para o programa e amplitude da Frente Muda Brasil, que conquistou uma
vitória histórica de repercussão internacional contra as forças neoliberais no
Brasil.
No
momento em que tantos renegam os seus antigos ideais de luta, o PC do B
reafirma a qualidade do marxismo, suas convicções socialistas e
revolucionárias, sem dogmas e com uma visão renovada, compromissado com a mais
ampla democracia socialista.
Fruto
da justeza das suas posições, o PC do B vem crescendo de forma ininterrupta
desde a sua reorganização em 1962. Nas últimas eleições, somando seus votos
para Deputados Federais, Estaduais e Senadores, alcançou quase dez milhões de
votos, elegendo doze Deputados Federais e dezessete Deputados Estaduais, além
de três primeiros suplentes federais e três primeiros suplentes estaduais.
Entre eles elegeu os Deputados Federais mais votados no Ceará, no Amazonas, no
Acre e o segundo mais votado de todos os partidos no Rio de Janeiro e no
Distrito Federal.
Em
menos de 18 anos de legalidade, o PC do B tornou-se força atuante no movimento
sindical urbano e rural, presença permanente na luta dos sem-terra e dos
sem-teto, principal corrente política no seio da juventude brasileira,
estreitamente ligado à intelectualidade e aliado aos verdadeiros patriotas.
Lutador histórico contra todo tipo de discriminação, de gênero e de raça,
internacionalista conseqüente, o PC do B é hoje um dos principais esteios do
Governo Lula na construção de um Brasil livre, soberano e mais justo, e na luta
por um mundo de paz sem guerra.
Por
tudo isto, os 81 anos do PC do B são motivo de alegria, não só para os
comunistas, mas para todos os democratas patriotas e lutadores das causas
sociais, que sempre tiveram e terão no PC do B um aliado sincero e leal na luta
por um Brasil soberano, democrático, mais justo, e por um mundo de paz.
Por
tudo isso, o PC do B, no dia de hoje, por intermédio de sua Liderança, traz,
aqui, uma saudação fraterna a todos os partidos democráticos deste País,
consciente de que a sua legalidade não foi fruto só da sua luta, mas foi fruto
da luta de todos os democratas que conquistaram, com o fim do regime militar,
um período de democracia no nosso País. Neste momento tão grave para a
humanidade, em que os Estados Unidos rasgaram a “Constituição do Mundo”, que é
a Carta da ONU, em que os Estados Unidos investem contra um povo indefeso, como
é o povo iraquiano, os 81 anos do Partido Comunista do Brasil são também de
afirmação da luta deste Partido pela paz, pela soberania dos povos e pelo fim
das guerras imperialistas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa apregoa o Requerimento n.º 66/03
de autoria do Ver. Wilton Araújo que requer que no dia 1.º de abril, às 10h, se
realize uma Sessão Especial, onde Secretaria de Estado da Justiça e da
Segurança, a Secretaria Municipal de Segurança e Direitos Humanos, o Presidente
do Sindilojas, o Presidente da Associação dos Moradores do Centro e mais os
Vereadores realizarão um debate sobre segurança na cidade de Porto Alegre.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, na última sexta-feira, tive a oportunidade de ministrar aula
inaugural na Universidade Luterana do Brasil, e fiz uma abordagem sobre mercado
de trabalho. E, lá, presenciamos centenas de jovens com esperança de se formar
e ingressar, cada vez mais, nesse mercado emergente. Mas, ao mesmo tempo que
milhares de jovens do nosso País buscam uma profissão, o nosso mundo, num processo
inverso, opta pela guerra. Então, é uma dificuldade combinar e, ao mesmo tempo,
ver o contraste. Os jovens querendo-se aperfeiçoar e buscar um caminho de paz
e, principalmente, um caminho de conhecimento.
Neste
fim de semana, os acadêmicos da Faculdade Porto-Alegrense, da FAPA, fizeram um
manifesto no Centro da Cidade. E o Instituto Cultural Brasileiro
Norte-Americano foi apedrejado, quebraram algumas coisas, atiraram ovos. A
manifestação veio mais para o Centro junto ao McDonald’s, e os jovens pedindo
para não utilizarmos mais os produtos americanos. Eu quero dizer que
iniciativas como essas são iniciativas espontâneas. Não é por acaso que quem se
deparar na frente da televisão vai ver que em todo mundo há centenas de
manifestos, milhões de pessoas saindo às ruas pedindo paz. Mas, infelizmente,
os Estados Unidos e a Inglaterra são surdos, são surdos aos apelos do mundo!
Naquela empáfia de acharem que são os donos de tudo, que tudo podem, ao mesmo
tempo, quando os iraquianos mostram cinco pessoas, eles apelam para as
organizações internacionais, dizendo que os tratados não são cumpridos, mas
esquecendo que outro dia cenas de prisioneiros iraquianos também foram
mostradas, ou seja, “vale para mim, mas não vale para os outros”. O que está
acontecendo é que cada vez mais os Estados Unidos estão sendo malvistos pelo
mundo. E quem conhece um pouco de História sabe que todos os grandes impérios
vão até um determinado ponto e depois sucumbem. Sucumbem pelos seus erros
próprios, achando que tudo podem, que tudo é perfeito, que ninguém vai ser
contra. Mas o mundo de hoje, que é tão próximo, esse mundo globalizante está
dizendo, mais do nunca, “não” à guerra, mostrando que as pessoas querem ser,
sim, solidárias. É por isso que atitudes como essa não podemos aceitar. E é por
isso que o mundo está dizendo de forma compacta e maciça: “Não à guerra!” Mas,
ao mesmo tempo, num show de
pirotecnia, o Presidente dos Estados Unidos sistematicamente vai à televisão e
parece que o que ele gostaria é que a cada 15 minutos se fizesse um bombardeio,
que parassem dois minutos para os comerciais e a CNN, de novo, voltasse
mostrando todos os episódios da guerra.
Mas
eu volto a dizer: não sei quanto tempo vai levar, talvez dure por algumas
gerações, mas a História nos mostra que todos os processos em que nações
tentaram trazer o domínio para si, ou seja, serem as “donas do mundo”, tiveram
um fim, porque respeitar a autonomia de cada povo é um princípio que deve ser
inserido em cada cidadão.
Ao
mesmo tempo, voltando a minha fala inicial, quando eu proferi aquela palestra
para centenas e centenas de jovens, na Universidade Luterana do Brasil, falando
sobre perspectiva de mercado, ao mesmo tempo também não concordo com o que os
jovens estudantes da FAPA fizeram porque, daqui um pouco, estaremos todos,
entre nós mesmos, nos matando.
Mas
é importante que sinalizações como essa mostrem que o governo americano está,
cada vez mais, buscando a antipatia de todo o mundo, e não é por acaso que o
mundo está virando-lhe as costas. Vão governar, sim, mas não sabemos até
quando. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra
em Comunicações.
O SR. CARLOS PESTANA: Ver.ª Maria Celeste, presidindo hoje a
nossa Sessão, em primeiro lugar quero registrar a minha homenagem ao Partido
Comunista do Brasil pelos seus 81 anos de existência, Partido que, conosco, faz
a Frente Popular, que governa o nosso País e a nossa Capital.
Eu
queria começar a minha intervenção, hoje, aqui, em Comunicações, falando
exatamente do Governo Lula.
Tive,
agora, acesso à informação do secretário nacional do Fórum Nacional dos
Prefeitos, que informa que uma antiga reivindicação do nosso Partido e de boa
parte dos Prefeitos teve, por parte do Governo Federal, o compromisso de
retirada do PL n.º 4.147, de 2001, que era o PL que privatizava a água no nosso
País. Era uma luta antiga do nosso Partido, das nossas administrações e, em
particular, na gestão passada, através da CORSAN, bem como na atual gestão da
Prefeitura, através do DMAE. Tivemos um papel destacado do ponto de vista de
garantir que a água, no nosso País, não fosse privatizada. Ou seja, mais um
serviço essencial que seria passado para a mão da iniciativa privada e que
certamente acabaria inviabilizando a universalização desse serviço para o
conjunto da população.
Queria
registrar de pronto esse compromisso do Governo Federal de, em conjunto com os
Prefeitos, retirar, de imediato, aquela Lei que privatizava a água.
Também
sobre o Governo Lula, tive a oportunidade, sexta-feira, com a presença do
Ministro das Cidades, o companheiro Olívio Dutra, de ouvir do seu Secretário
Nacional de Habitação primeiro o compromisso também de realizar a Conferência
Nacional das Cidades, que vai ao encontro da nossa experiência aqui em Porto
Alegre, onde já fizemos três conferências municipais de habitação e onde
fundamentalmente construímos, com o conjunto da população, com o conjunto dos
cidadãos, a política habitacional e a política de saneamento do nosso País.
Então,
essa iniciativa, contrariando o que foi dito várias vezes nesta tribuna, que o
Governo Federal não estaria aberto para construir suas políticas com o conjunto
da população, essa política que está sendo proposta pelo Ministério das Cidades
vai ao encontro da nossa forma de governar, da nossa forma de administrar, que
é em conjunto com a população, em particular com aqueles que vão ser
beneficiados, que é a população carente do nosso País, a população de baixa
renda, para a qual devem estar voltados os investimentos públicos, em
particular os investimentos na área de saneamento e habitação.
Nessa
mesma visita também tive a oportunidade de ser informado do objetivo da
determinação deste Governo de viabilizar a construção de mais de quatrocentas
mil casas no nosso País no próximo período. Num primeiro momento, vão ser
mantidos os programas já existentes, como por exemplo o Programa de
Arrendamento Residencial, mas a partir de outros critérios, que vão viabilizar,
de fato, o acesso à moradia para a população de baixa renda. Também vão
permanecer programas relacionados às cooperativas, que também aqui em Porto
Alegre têm uma presença muito forte, já que o próprio Departamento Municipal de
Habitação tem, entre os seus programas, o cooperativismo.
São
iniciativas do Governo Lula que vão ao encontro daquela base social que foi
fundamental para a sua eleição, e com a qual temos um compromisso, pelo seu
perfil de ser uma população de baixa renda, carente, com a qual o nosso projeto
tem uma grande identificação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra
em Comunicações.
O SR. CASSIÁ CARPES: Ver.ª Maria Celeste, Presidenta dos
trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, quero tocar em três
assuntos importantes para a nossa comunidade. Um refere-se à saúde. Entendo que
saúde, segurança e habitação são os problemas cruciais com que se depara, neste
momento, a nossa comunidade.
A
saúde está num confronto, onde um esclarecimento à população, hoje, pelos jornais,
já mostra o conflito, a falta de entendimento. O que nos pega de surpresa é que
o Executivo, em outras épocas, quando ainda não tinha o poder da Nação, tinha
uma facilidade imensa de negociação. Era uma negociação homogênea, em busca da
pressão a um órgão, às vezes, estadual e, principalmente, federal. Hoje,
estamos com esse problema bem localizado na nossa Cidade, que é o problema da
saúde: os médicos e odontólogos estão, a partir de hoje, em greve. Há esta
reunião marcada para o dia 26, mas me parece que temos várias entidades, como a
CUT, o SINDIPREV, a Prefeitura, a Comissão de Mobilização dos Trabalhadores do
SUS, de um lado, porque sempre estiveram deste lado, mas agora aparece o
Conselho Regional de Medicina, a Associação Médica do Rio Grande do Sul, o
Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Ver. Cláudio Sebenelo, me parece que há
um confronto de idéias, coisa que nós não tínhamos, até porque o PT tinha uma
facilidade de comunicação nesse aspecto de pressionar os governos, e agora
sente-se pressionado e não tem a capacidade de negociação. Isso nos preocupa.
Será que foi porque neste momento o Governo Federal pertence ao PT? Até o
próprio PT está questionando o Governo Federal. O que nós pedimos - e esta Casa
tem dado uma colaboração enorme nesse sentido - é que tenhamos um entendimento,
porque a população de Porto Alegre não pode perder. De uma hora para outra
aquilo que era uma prática do Executivo já não é aquela prática e vem em choque
com os médicos e odontólogos. E dentro desses parâmetros a greve se estende
também aos municipais, Ver. Cláudio Sebenelo. Os médicos, que já eram do
Município também estão em greve, apoiando a categoria como um todo. Nós pedimos
que haja um entendimento, que se use o bom senso, que o Executivo tenha a
capacidade, como sempre teve, mas aí na oposição, de, quando pressionado,
negociar, principalmente, com um serviço essencial à população de Porto Alegre,
que eu considero o mais crucial, que é a saúde em Porto Alegre.
O
outro aspecto é a segurança. No meu entender o Poder Executivo também tem de
começar a participar dos atos de segurança, numa Capital da grandeza de Porto
Alegre, com mais de um milhão e trezentos mil habitantes, através de suas
comunidades, através das associações de bairros, porque a Capital é aquilo que
representa o Rio Grande do Sul como o reflexo da segurança e da tranqüilidade
para o nosso Estado.
Domingo
eu fui convidado para ir a um loteamento clandestino para ver a situação
daquele pessoal. Há uma promessa do Orçamento Participativo de que por um
período “x” estaria ali, ou em outras áreas, localizado aquele pessoal, mais de
quinhentas pessoas, mais de duzentas famílias, esperando por uma decisão do
Poder Público Municipal. Então, saúde, segurança e habitação são os problemas
que estão afligindo a nossa sociedade, a nossa população. O Poder Executivo,
que sempre teve a capacidade de negociação, muitas vezes, quando na oposição,
tem de ter, agora, muito mais capacidade de negociação, porque faz parte e
sente os problemas do dia-a-dia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicações.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, nestes dias de guerra, os boatos são como terra e
há tantos assuntos para se falar, como o do “Oscar” e de todo o protesto havido
contra a violência, contra a guerra. O mundo inteiro reuniu-se para protestar
em favor da paz. Muitas vezes esses protestos de paz, Ver. Pedro Américo Leal,
são protestos... Por exemplo, no futebol, eles entram com uma faixa da PAZ para
depois terminarem engalfinhados. É o bicho homem fazendo das suas.
Nós
temos, hoje, como preocupação maior, a greve dos médicos em Porto Alegre. O
Secretário Joaquim Kliemann diz que estranhava a greve, já que estava havendo
negociação. Mas foi flagrado, por intermédio de um e-mail da Secretária Substituta, o grande descompasso, a grande
diferença, a defasagem imensa que existe entre o Prefeito João Verle - as
coisas que ele assina - e o destinos da Secretaria Municipal da Saúde. Houve
uma ordem dizendo que são 120 dias, para que, havendo essa distensão, possa
haver um novo debate e se chegar a uma conclusão a respeito de plano de
carreira, de isonomia salarial e de uma série de outras medidas - entre elas,
inclusive, se debate a grave crise que existe na área da saúde na cidade de
Porto Alegre; é permanente, nós já estamos acostumados com ela. Pois foi
flagrado um e-mail ordenando
exatamente o contrário. Quem está com a razão e quem é que manda nós não
sabemos. Há uma acefalia, uma falta de comando, as ordem são ambíguas. O
Prefeito, com toda a razão, deve se sentir frustrado por ter “entrado numa
fria”, assinando aquele Decreto, um Decreto eivado de erros, entre eles
propondo, inclusive, atendimento até às 22h, quando o mesmo Projeto do Vereador
Dr. Goulart era inconstitucional e contra o interesse público. Pois vem o
Prefeito assinar, dizendo que sob a ordem do Secretário da Saúde pode ir até às
22h. Esse mesmo Decreto, que, de tão absurdo o Prefeito foi obrigado a voltar
atrás e empurrá-lo para daqui 120 dias, passou a ter uma outra conotação: do
terrorismo, do arbítrio e principalmente da ditadura que existe, sem diálogo,
sem compreensão, contra uma classe, contra a corporação médica, especialmente
contra os médicos, por um fato que até hoje eu não vi ninguém falar - é que
houve uma disputa entre Enfermagem e Medicina: o Conselho Regional de Medicina
declarando que a Enfermagem não podia exercer a medicina, isso é, fazer
diagnóstico e propor tratamentos, porque isso é da atribuição exclusiva e
constitucional do médico, e isso exige formação, e qualquer problema que
houver, qualquer complicação, os enfermeiros serão obrigados não só a chamar o
médico, mas, para um outro caso de insucesso, até de óbito, é obrigada a
assinatura do médico. Pois é exatamente isso que nós estamos levantando agora,
e que é a causa inicial do desencadeamento dessa crise brutal na saúde, que
chegou a uma greve. É a primeira greve na Prefeitura nesses anos todos. É a
primeira corporação que tem a coragem de enfrentar as estruturas já antigas e
já com a corrosão dos metais, gasta pelo uso, e que certamente a população de
Porto Alegre não aceita mais. Os próprios profissionais da área da saúde, os
médicos especialmente, estão absolutamente descontentes com esse tipo de
trabalho, onde não se debate o funcionamento da Saúde, onde nós não temos uma
política de saúde suficiente, onde um incidente entre duas corporações gera
esse tipo de crise, certamente pela falência e pela acefalia da estrutura da
Saúde na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu queria recolocar nesta tribuna o tema que tem
pautado, com mais freqüência, o Plenário desta Casa nos últimos dias, o que não
poderia ser diferente, porque é o tema que tem pautado as ruas, os Parlamentos,
as escolas, as residências e todo o mundo, que é a questão da violência.
As
notícias desse final de semana nos colocam, os brasileiros e os
porto-alegrenses, diante de uma realidade de terror. Nas ruas morrem os nossos
jovens, cujo único crime que haviam cometido para se tornarem vítimas era o
fato de, na sua juventude, tentarem sair de suas casas para o lazer ou para o
encontro com os amigos ou com suas namoradas. Somam-se novas violências e
assaltos com mortes a jovens que estão nas ruas apenas em busca do direito
legítimo à diversão.
Nas
notícias internacionais, acompanhamos por todas as televisões as imagens do
fogo, do bombardeio, de uma guerra que se arrasta em cima de justificativas
absurdas. São aterrorizantes as imagens de uma cidade que pega fogo, vítima de
uma tecnologia imposta em cima dos interesses econômicos.
Quase
tão impressionante quanto isso é a tentativa de tradução dessa barbárie que nos
lembra a 2.ª Guerra Mundial. Só que hoje se trava uma nova guerra através da
mídia, que chamam os jovens soldados mortos de “baixas”, que chamam as pessoas
de “escudos humanos”. Duzentas mil pessoas que moram no Norte do Iraque, e que
são curdos, que não têm pátria, que não têm terra para implantar a sua nação,
poderão ser mortas porque estão no meio do caminho, ou dos americanos ou dos
turcos.
É
uma guerra onde “danos colaterais” - que é uma expressão usada para justificar
as vítimas inocentes das cidades bombardeadas -, fazem crianças mutiladas,
milhões de deslocados de guerra, pessoas que ficam com seqüelas físicas e
psicológicas, famílias dizimadas por uma política de guerra forjada em cima dos
interesses do petróleo ou das indústrias de armamento.
É
ainda impressionante se utilizarem expressões e as vermos sendo repetidas pela
mídia, de uma “guerra humanitária”, como foi o massacre que se fez sobre o povo
iugoslavo, sob a justificativa de que ele era vítima de um ditador.
Agora,
ouvimos a expressão “guerra preventiva” como uma ação que pudesse justificar a
morte dos inocentes que habitam em uma cidade onde seus governantes peleiam.
Eu
acho que essa situação de violência que se estabelece internamente entre os
grupos brasileiros, entre o crime organizado, que mata, no dia de hoje, mais um
Juiz, agora, no Estado do Espírito Santo, faz parte de uma mesma lógica de uma
sociedade que perde a sua característica humana, o respeito à diversidade, à
tolerância, à liberdade e coloca os interesses de uma tecnologia armamentista
ou de uma tecnologia de supremacia acima de qualquer valor humano.
Está
de luto a humanidade, pelos atos de barbárie cometidos contra o povo, contra as
famílias iraquianas. Está também de luto a sociedade brasileira, que vê, agora,
os representantes das instituições da Justiça serem mortos na porta das suas
casas. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maristela Maffei está com a
palavra, por cedência de tempo de Ver. Darci Campani, em Comunicações.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, continuando a reflexão que vamos fazer nesta
tarde, porque nos atinge profundamente economicamente, mas também enquanto
seres humanos sensíveis a um problema tão sério, eu gostaria de fazer,
rapidamente, aqui, uma leitura de Emir Sader, algumas considerações sobre o
momento atual internacional. Diz o seguinte: “As opções de Bush. George W. Bush
fez suas opções. Em primeiro lugar, o Presidente dos Estados Unidos optou pelo
unilateralismo. Sem conseguir articular a aliança do bloco de potências
ocidentais, o Governo norte-americano escolheu agir sozinho, com seus aliados
mais fiéis, porém isolados internacionalmente, sem o apoio da ONU, da OTAN e
menos ainda da opinião pública internacional.
Em
segundo lugar, Bush optou por lobbies
que constituem seu Governo, e não por acaso estruturados em torno da produção
petrolífera e de armamentos. Esses setores se vislumbram com três
possibilidades: da utilização maciça das armas mais modernas já produzidas, de
colocar as mãos nas reservas de petróleo do Iraque e de passar a afetar
diretamente a política da OPEP.
Em
terceiro lugar, Bush optou pela sua reeleição. Ele sabe que os Estados Unidos
vivem uma recessão econômica profunda e prolongada, e, se esse clima predominar
no ano que vem, o Presidente e seu Partido Republicano serão derrotados
eleitoralmente. A reunificação patriótica do País pela guerra dá novo impulso
aos republicanos e a Bush.
Em
quarto lugar, os Estados Unidos se lançam à maior aventura desde as Cruzadas,
tentando exportar para o mundo árabe os modelos e modos de vida do capitalismo
liberal ocidental. Fez a escolha mais radical, assumiu a guerra de
civilizações, e o fez na sua forma mais radical - a ocupação militar como
instrumento de instalação de um enclave colonial no centro do mundo árabe.
Bush
optou pela ação imperial e terá que assumir as conseqüências de sua ação - que
ele espera sejam suaves. Com isso, ele almeja recuperar a capacidade de ação
política, os dividendos econômicos e o apoio eleitoral interno. A parada parece
muito mais alta para o seu cacife.” Emir Sader é professor da Universidade de
São Paulo e da Universidade do Rio de Janeiro e coordenador do Laboratório de
Políticas Públicas da UERJ.
Senhoras
e senhores, é claro que todos nós estamos perplexos. Agora, também é sabido que
a população americana, desde o berço, é criada por um sentimento de ser um povo
ariano, uma raça superior. De manhã, aqui no Brasil, como em qualquer país do
Terceiro Mundo, passam filmes nos quais, Ver. Juarez Pinheiro, as crianças
aprendem desde pequenininhas a sua inferioridade por serem latinas. E existe um
escritório central onde, provavelmente, estejam Israel - o Sharon -, a
Inglaterra e seus aliados, de onde passam para os pequeninos que esses são os
“salvadores da pátria”. Então os nossos filhos vão aprendendo desde pequenos o
quanto são inferiores e fracos perto da soberania ariana. Aliás, tem nação, que
está ajudando os Estados Unidos, que deveria ter aprendido, na sua história,
que olhos de muitos dos seus filhos foram furados porque não eram olhos azuis e
porque eles não tinham pele clara, porque não eram arianos como eles. Hoje,
infelizmente, são aliados, e soltaram mísseis neste fim de semana para combater
também aquela nacionalidade, aquele povo “jorrando sangue”, na sua terra,
porque luta por um estado soberano.
Lá,
Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, o poder bélico, uma guerra, e
aqui - eu gostaria de encerrar dizendo o seguinte - uma greve de médicos e
odontólogos que lutam contra o SUS porque não querem trabalhar, porque querem
ficar “mamando na teta” do Estado e ficar cuidando dos seus consultórios
particulares. São essas guerras que nós queremos combater e é neste sentido que
nós lutamos pela paz! Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em
Comunicações.
O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, no sábado passado nós comemoramos o Dia Mundial
da Água. Este assunto, finalmente, entrou no século XXI sendo extremamente
debatido depois de décadas e décadas em que foi levantado pela comunidade
científica e ecológica que, se a humanidade não cuidasse do seu bem mais
precioso, essencial à vida, que é a água, nós nos depararíamos com sérios e
graves problemas, que, justamente, estão ocorrendo, por uma falta de prevenção
e de planejamento, e que poderiam ter sido evitados. Gostaria de iniciar,
dizendo, em vista do Dia Mundial da Água, que foi no sábado, que tudo o que
fazemos chega na água. Para que possamos discutir de forma madura a
problemática da água em termos de quantidade e de qualidade, nós temos que
entender que tudo na natureza se interliga, que as nascentes das águas estão
nas formações da flora, por exemplo, nos olhos d’ água, e que, se nós
comprometermos as florestas, as formações de flora, estaremos comprometendo a
água. A mesma coisa com a mata ciliar, que é a vegetação que se encontra na
beira dos rios. A mesma coisa com relação à vegetação nos topos de morro.
Aliás, o Rio Grande do Sul e Porto Alegre nos dão um mau exemplo, descuidando
justamente da preservação das matas e das formações florestais nos topos de
morros e nas beiras de recursos hídricos, formações essenciais para a formação
dos recursos hídricos que nascem daí, que são assoreados por serem retiradas
essas formações. Com as dunas ocorre a mesma coisa; o solo está depauperado em
todo o Estado do Rio Grande do Sul, sem falar, claro, no mundo como um todo. Um
terço do território mundial constitui-se de desertos, e nós estamos
transformando as nossas matas tropicais, inclusive a Mata Atlântica, que temos
inclusive aqui em Porto Alegre - e muitos não sabem -, em verdadeiros desertos.
O Brasil é o maior detentor de água doce do mundo, mais ou menos 10%; 20% da
biodiversidade do planeta estão no Brasil, e 80% da biodiversidade encontram-se
em águas.
O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) No contexto da sua intervenção - e agradeço o aparte -, queria
dizer que temos grande júbilo, além de cumprimentá-lo, pelo fato de que o
governo que assumiu no Brasil retirou o Projeto que privatizava a água, o que
foi uma luta desta Casa, inclusive com Requerimentos do Ver. João Antonio Dib,
com posição forte sua. Com isso, o Brasil teve um grande avanço contra a
tentativa de privatizar. Quero dizer que essa guerra nos preocupa muito, porque
hoje é o Iraque; amanhã, a Amazônia brasileira; hoje é o petróleo, amanhã será
a água potável que o Brasil tem e que é cada vez mais rara. Muito obrigado.
O SR. BETO MOESCH: Sem dúvida, Ver. Raul Carrion, só que o
assunto é muito mais complexo, pois nós não fazemos a nossa lição de casa: nós
não cuidamos da água em sua quantidade e em sua qualidade e dos recursos
naturais, a começar aqui por Porto Alegre. Temos de ter a maturidade de trazer
os assuntos mundiais para a nossa realidade. Está aí o Guaíba extremamente
poluído; estão aí todos os arroios e riachos que chegam ao Guaíba extremamente
comprometidos e poluídos, afetando a saúde da população. Aliás, 80% das doenças
do Brasil decorrem da poluição hídrica, e 70% das internações hospitalares
decorrem do mau uso da água. Portanto, falta-nos fazer a lição de casa.
O Sr. Wilton Araújo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Beto Moesch, somo-me ao pronunciamento de V. Ex.ª para
acrescentar que Porto Alegre e o lago Guaíba, têm, como V. Ex.ª muito bem sabe,
um loteamento por parte daqueles que retiram, que extraem areia do fundo do
lago. Isso é um agravante ao que está sendo colocado por V. Ex.ª. Nós, como já
participamos, assim como V. Ex.ª, de várias reuniões do Comitê do lago Guaíba,
que se deve debruçar com mais perseverança sobre esse assunto, com mais
assiduidade, com mais acuidade sobre esse assunto. Acredito que este é um bom
momento para V. Ex.ª trazer a questão ao debate. Quem sabe isso possa evoluir
para uma ação objetiva desta Casa?
O SR. BETO MOESCH: É importante a sua intervenção, Ver.
Wilton Araújo. Ao citar os Comitês de Bacias Hidrográficas, quero dizer que
fazemos parte do Comitê Lago Guaíba e que estamos agora no Plano de Gestão e
Planejamento da Bacia do Guaíba para evitarmos esse problema grave que ocorre
aqui na nossa bacia hidrográfica. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para um Requerimento.
O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Formulo um Requerimento, que V. Ex.ª
poderá submeter ao crivo deste Plenário logo após as manifestações de
Lideranças. O Requerimento deste Vereador é no sentido de se fazer uma
transposição, na Sessão de hoje, passando-se, após as manifestações de
Liderança, para o período da Ordem do Dia, ficando para depois a discussão
preliminar de Pauta. Justificando este meu Requerimento, eu assevero, Sr.
Presidente, que o objetivo é desobstruir a Pauta, que está trancada. Por óbvio
teremos o apoio, acredito, da Liderança do PT.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Para desobstruir a Pauta, recebo o
Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn. No momento oportuno ele será votado.
O
Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras
e Srs. Vereadores, uso o tempo de Líder até de forma constrangida, uma vez que
não se deve tratar de problemas pessoais neste tempo de Liderança. Todavia sou
o Líder do PPB, disso ninguém tem dúvida, e quando as coisas me dizem respeito,
faço como acho. Nos jornais de hoje há transcrita uma notícia que não me
agradou. É do Jornalista Barrionuevo. Na sua página 10, muito lida, diz
extemporaneamente: “José Otávio Germano avisa que não abraça a tese de que
‘bandido bom é bandido morto’, concepção do Coronel Pedro Américo Leal,
destacado Ver. do PPB. Observa que acima de tudo está a lei.” Claro que eu
proclamo isso. Todos sabem como vejo a Segurança Pública, e por o Brasil não a
ver como eu a vejo é que nós estamos nessa bagunça, nesse descalabro nos dias
de hoje. Mas eu não perguntei, e não dou confiança para o Sr. José Otávio
Germano me advertir. É do meu partido, mas não lhe dou permissão para ele me
avisar nada. Não perguntei a ele coisa alguma e tampouco nada declarei na
visita que me fez Jair Soares aqui, convidando-me para uma série de eventos.
Não lhe dou o direito de julgar os meus atos e as minhas opiniões. Quando fui
Secretário de Segurança e Chefe de Polícia, esse moço andava de calças curtas.
Façam as contas e vejam muito bem que tal aconteceu, pois há 30 anos - ele deve
ter 40 e poucos -, portanto, andava de calças curtas. Que petulância é essa!
Um
bandido que agride a sociedade, que mata, como matou esse rapaz de 16 ou 17
anos... De todos os lados surgem exemplos como esse. Como esse bandido matou...
Ele é bandido! Há muita diferença entre delinqüente e bandido. Delinqüente é
uma coisa e bandido é outra. Bandido agride a sociedade e tem de ser
veementemente castigado pela sociedade. Eu não brinco em serviço, bandido tem
de receber bala, e se a sociedade está na situação em que está agora foi porque
não me ouviu.
Vejo
ali certos policiais me acenando com a cabeça. Eles trabalharam comigo e sabem
como eu agia, nunca fiz injustiças, mas não contemporizei. Bandido tem de ser
tratado à bala, não há outra solução, não entendem outra linguagem. Sabem como
é que a máfia terminou com a bandidagem e com o crime organizado na Itália?
Pois, vou dizer. Aliás há, por coincidência, um artigo meu hoje, no Jornal do Comércio, que recomendo ler. O
que a Polícia fez na Itália, o que a Justiça fez? A Polícia ficou autorizada a
bloquear telefones, a realizar busca e apreensão de imediato, a congelar bens,
quando o seqüestro é apregoado. Os planos de segurança da área municipal não
ficam nas hipóteses, como ficou aqui com Fernando Henrique Cardoso, que foi um
“banana” como Presidente da República.
A
prisão perpétua foi instituída, lá, não há diminuição de pena como essa Lei de
Execuções Penais, essa gracinha da Lei de Execuções Penais, em que o bandido
pratica o crime e cumpre 1/6 da pena e muda de regime. O que querem? O que é
que desejam? Polícia sem efetivo? Polícia desmoralizada? O que querem? O que
desejam?
O
que está aí? A droga campeando. No Rio de Janeiro, a tropa na rua. Três mil
soldados. Soldado não sabe fazer isto. Soldado atira para matar, foi treinado
para isso. Eu treinei soldados para fazerem e treinei policial para fazer outra
missão. Mas nunca treinei ninguém para contemporizar ou para fazer festa de
bandido. Bandido tem que receber pau!
Se
não entender esta linguagem, vão acabar nas mãos deles. Então, o Secretário
Otávio Germano perdeu ótima oportunidade de ficar calado, sem dizer coisa
alguma, mesmo porque eu não perguntei nada a ele. Aliás, não foi cogitado
quando Jair Soares esteve aqui me visitando, há cerca de quinze dias, não foi
aventado esse problema aqui de bandidagem. Falou sobre algo que nunca lhe foi
perguntado. Perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. Vá trabalhar,
coloque efetivo na rua, vá fazer Polícia, vá fazer Brigada, como eu fiz, se
souber fazer. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento do Ver. Isaac
Ainhorn, que sugere que após as Comunicações de Líder entremos diretamente na
Ordem do Dia, sem que seja realizada a Sessão de Pauta. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO com os
votos contrários dos Vereadores Juarez Pinheiro e Marcelo Danéris.
O
Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HAROLDO DE
SOUZA: Sr. Presidente, Vereadores e Vereadoras, venho
a esta tribuna para saber por que o Governo deixou de fiscalizar duzentos e
sessenta e cinco medicamentos a partir do último dia 21 de fevereiro. Decidiu e
pronto! Qual a justificativa para a não-fiscalização desses medicamentos? Que
negociação houve com os respectivos laboratórios para que duzentos e sessenta e
cinco medicamentos deixassem de ser
fiscalizados e, com isso, o consumidor ficando entre a sanha de aumento dos
laboratórios. Daquele 21 de fevereiro até hoje, quando o Governo tomou essa
decisão, esses duzentos e sessenta e cinco medicamentos, entre eles a consumida
aspirina, para citar só um exemplo, sofreu aumento de 22%. Mas o que me
espanta, Ver. Wilton Araújo, é que mesmo aqueles medicamentos que continuam sob
o controle do Governo, nesse período, também aumentaram em 22%. Eu fico
alucinado quando não entendo as coisas e quando me debruço sobre elas no
sentido de entendê-las. Por isso, estou deixando, aqui, duas perguntas: a
primeira, por que o Governo deixou de fiscalizar duzentos e sessenta e cinco
medicamentos e esses sofreram aumento? Segunda pergunta: por que os
medicamentos, que estão sob a fiscalização do Governo também sofreram aumentos
nesse período?
Ver. Pedro Américo Leal, Fernandinho Beira-Mar, enquanto
vivo, é um perigo, é um bandido, e bandido bom, Ver. Pedro Américo Leal,
concordo plenamente com o senhor, bandido bom é bandido morto, bala neles! E
essa história de mandar Fernandinho Beira-Mar para o Rio Grande do Sul, só se
for, e digo abertamente, porque sou muito transparente, só se for para a gente
dar um sumiço nele. Muito se fala na saúde, em nossa Cidade, com a reação dos
funcionários que entraram em greve, visando a forçar o Governo a negociar. Mas
desde quando a saúde tem de ser ou precisa ser negociada? Saúde é uma obrigação
do Governo, mas não é do Governo Municipal, do Estadual, Federal, é de todos os
Governos. Não precisa sindicato, associações, marcando reuniões, pois, entendo
que saúde do ser humano é uma obrigação de todos os governantes, sem mais
delongas, sem mais reuniões, sem mais discussões em plenário, e estamos
conversados. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre acertou parceria com o
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, visando a
implementar o Programa Fome Zero em nossa Capital.
Segundo a Prefeitura, o principal foco a ser atacado será o
combate a desnutrição infantil. Bonito! Louvável! Linda iniciativa, que espero
poder fiscalizar para saber se, realmente, a coisa vai ser feita. Ou vai ficar
apenas nas promessas que foram feitas tipo aquela do ex-Prefeito Tarso Genro,
que disse que iria retirar os meninos e meninas de rua no prazo dos seus
primeiros seis meses de Governo. Mentiu! Enganou! Não tirou! E existem meninos
e meninas de rua, sim! O Sr. Érico Ernesto Schad, que mora no Largo Vespasiano
Júlio Veppo, 125 ap. 205, no Centro de nossa Capital, trouxe aqui três
fotografias, mostrando crianças nas imediações da rodoviária. (Mostra a foto.)
Crianças dormindo na rua, ao relento! Esses são meninos de rua que não estão
catalogados pelo PT, certamente, porque, senão, não estariam nas ruas. (Mostra
outra foto.) Esse bloco de crianças, causando confusão junto aos taxistas. São
meninos ou não de rua? (Mostra mais uma foto.) E mais esses aqui em frente à
Estação Rodoviária de Porto Alegre. São ou não meninos de rua? Estão ali
passeando? Por favor! Está feito aqui o registro do Sr. Érico Ernesto Schad.
Obrigado ao nosso câmera.
Quero
falar sobre o artigo assinado pelo Deputado Federal “Babá do PT”, no jornal O Estado de São Paulo, na semana
passada, quando ele comenta as declarações do Senador Mercadante, com dez
milhões de votos, do Partido dos Trabalhadores, que afirma o seguinte: “A
oposição a Fernando Henrique Cardoso não ajudou a aprovar reformas e errou!” E
disse mais: “Seguramente o Governo anterior deu uma grande contribuição ao
País.”
Eu, decididamente, não
entendo mais o PT. Não entendo! Se era para continuar do jeito que está sendo a
coisa, acho que não precisava mudar o Governo ou precisava ? Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
todos assistimos às notícias de que mais um Juiz tombou, Ver. Pedro Américo
Leal, no Estado do Espírito Santo, hoje, pela manhã. Há questão de uma semana,
outro Juiz foi imolado, executado em São Paulo, no município de Presidente
Prudente.
Uma
declaração do Presidente, hoje, reputo importante, porque ele disse: “Olha,
essa gente que está fazendo aí... Não é aquele crime comum que nós estávamos,
todos, até certo ponto, convivendo e buscando, muitas vezes, justificativas”. “Olhem o problema social!” Não tem
problema social, gente! São pistoleiros profissionais bem remunerados, e o eu
quero dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores? Para esses não tem estado de
direito, não! Absolutamente, não! O direito à lei, o direito ao processo, o
direito ao Estado de Direito Democrático - e, aí, Ver. Wilton Araújo, implica
uma série de providências legais - para esses, não!
Olhem,
essa história de advogados, para esses, não, Ver. Pedro Américo Leal, e, quem
está falando é um advogado.
Eu
acho que esse perfil é aquilo que eu dizia há algum tempo, Ver. Pedro Américo
Leal: estado de guerra para eles. Infelizmente. Não é possível que continuemos
assistindo ao que está ocorrendo no Brasil.
Olhem
aqui, dois Juizes Corregedores!
Mas
vai chegar o momento, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em que a própria
Justiça pode recuar. Hoje é um Juiz, ontem foi outro, amanhã será mais outro, e
por aí se vai.
Então,
não podemos compatibilizar essa situação com o estado de direito! Então, não
tem lei! Essa é a grande verdade que quero dizer aqui. É só um estado de
exceção. Eles terão que serem tratados por estado de exceção, onde as regras
que se estendem àquele que comete um delito, como em determinados casos, não
podem acontecer, Ver. Wilton Araújo, porque isso é mais do que uma guerra, é um
lado que declarou a guerra, e não há contrapartida da sociedade.
A
sociedade está, por assim dizer, amarrada a um estado de direito, enquanto que
o crime organizado age à solta num estado excepcional que eles criaram, criaram
os seus valores e a sua justiça.
Então,
ou se repensa ou se põem em execução imediatamente medidas onde não se concede
o estado de direito a esse tipo de delinqüência ou vamos tombar todos.
A
justiça, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que é formada de homens, seres
humanos, ela, de repente, recua. Então, é preciso medidas de guerra. Essa é a
verdade. Nada em relação a essa guerra atroz que está acontecendo, isso é outra
história, vamos deixar claro isso, vamos separar as coisas. Mas se faz
imprescindível que não se estenda o estado de direito, a lei, e os recursos
dela decorrentes para quem comete crime dessa ordem; tem que ser tratado fora
da ordem. Eu, com isso, estou dizendo tudo. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela TVCâmara, é importante
salientar o debate que tivemos na última semana sobre a saúde no município de
Porto Alegre. É importante salientar, também, toda a disposição que o Executivo
teve em sentar à mesa, em negociar, em ver o que era melhor para a população de
Porto Alegre. Portanto, é importante que a população compreenda o histórico
deste debate.
Depois
de uma série de situações, onde parte, menor, é verdade - é importante
salientar isso -, dos servidores municipais, na área de saúde, que não cumpria
a totalidade de seus horários – repito, de novo, menor parte -, mas que
comprometiam o atendimento à população, Ver. Pedro Américo Leal, depois de uma
série de iniciativas do Executivo de tentativas de voltar à carga horária
plena, depois que as chefias foram orientadas a cobrar que fosse cumprida a
carga horária, e, sem resultado positivo - ao contrário, a situação se
agravando, as filas nos postos de saúde aumentando, a população demandando cada
vez mais na área da saúde e principalmente a proximidade do inverno, quando,
como todos nós sabemos, aumenta ainda mais a demanda na área da saúde -, o Governo
Municipal fez um decreto que dizia o que não precisava dizer, o óbvio, ou seja,
cumprimento integral da carga de horário. Não é aumento da carga de horário,
nem diminuição, nem nada, é cumprimento da carga horária. Como há servidores
que vieram do regime federal, estadual, municipal, celetistas, fundacionistas –
cinco tipos de regimes diferentes –, existem cargas de horários diferentes. Mas
cada um cumpria a sua carga de horário. Por conta disso, foi realizada uma
greve que colocava na pauta de negociações o plano de carreira e a isonomia
salarial, debates com os quais nós concordamos e temos mesa de negociação para
definir, nunca nos negamos a isso. Mas amarrava uma situação à outra, carga
horária de trabalho e plano de carreira. Não nos negávamos a fazer o debate do
plano de carreira e da isonomia salarial. Infelizmente – e isso não estava
vinculado ao não-cumprimento da carga horária -, diante da greve, Ver. Pedro
Américo Leal, havendo um momento de impasse, onde o que a Prefeitura decretava
era “cumpra-se a carga horária”, os Vereadores, junto com os sindicatos e
outras representações, foram até a Prefeitura, e a Prefeitura se propôs à
negociação e fez uma proposta mediada. Nem era anulação ou a suspensão total do
decreto, nem era que esse vigorasse plenamente. Ou seja, a Prefeitura indicava:
“Nós exigiremos o cumprimento de dois terços da carga horária, e um terço fica
suspenso por cento e vinte dias”. Razoável, nem está totalmente anulado o
decreto e nem está também totalmente prorrogado. Proposta razoável, cada um
cedia um pouco e nos encontrávamos no meio. Acontece que, em 120 dias, um terço
não era obrigado a cumprir; dois terços, sim, e dois terços é o mínimo. Os
médicos e odontólogos entenderam, a partir da sua direção do SIMERS... Vejam
bem que não são os médicos e odontólogos, a direção do SIMERS entendeu que não
era para cumprir nem os dois terços, que estava tudo liberado. Não é verdade,
está errado, então a Prefeitura manteve a negociação. E hoje entraram em greve
apenas os médicos e odontólogos. Todos os servidores municipais continuam
trabalhando, os enfermeiros, os servidores dos postos, todos os demais
continuam trabalhando, porque entenderam a proposta que nós passamos para o
papel, tudo direitinho, assinamos em baixo, os sindicatos assinaram em baixo.
Há uma intransigência do Presidente do SIMERS, Dr. Argollo, que transformou o
debate da situação da saúde de Porto Alegre num debate político partidarizado,
numa questão pessoal com o Secretário de Saúde, o que nós não aceitamos, ainda mais
porque submete os interesses da população de Porto Alegre.
Queremos
fazer um apelo à classe médica, aos odontólogos, para que revejam as suas
posições - pois, tenho certeza, essa não é a posição deles - diante do que se
está levando como um debate político-partidário, em vias eleitorais de 2004,
pois é contrário aos interesses da população e da classe médica o que o Dr.
Argollo está fazendo na Presidência do SIMERS. Queremos a volta da negociação
nos termos que já tínhamos acordado, escrevemos e assinamos embaixo, assim como
fizemos para a totalidade dos servidores municipais da saúde. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder pelo PSDB.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
especialmente Ver. Pedro Américo Leal, só para dizer que o Presidente do
Sindicato dos Trabalhadores da Saúde acaba de dar uma entrevista, dizendo que
estão em estado de greve, apoiando a greve dos médicos e dentistas. Há algum
tempo os enfermeiros desta Cidade começaram a dar consultas e a prescrever, e
houve a rebeldia, a contrariedade das instituições: da Associação Médica do Rio
Grande do Sul, do Conselho Regional de Medicina e do Sindicato dos Médicos, que
se uniram e foram ao Supremo Tribunal Federal, dizendo ser inconstitucional
gozarem os enfermeiros da prerrogativa de exercerem a Medicina. Prestem
atenção: a maioria dos chefes de ambulatórios e postos de saúde, contrariando a
Constituição, são enfermeiros, não são médicos, e a Vice-Secretária é
enfermeira. Como perderam essa prerrogativa indevida, passaram a hostilizar os
médicos, dizendo que a represália seria a cobrança do horário de trabalho. Ora,
pessoas que têm cargos diferentes, horários diferentes e contratos diferentes,
sejam federais, estaduais ou municipais, é muito difícil que sejam
uniformizados. A grande maioria dos profissionais, 95% da classe médica, tem
carteira assinada e cumpre horário, cumpre rigorosamente o seu horário e suas tarefas.
O que acontece é que não foi o Presidente do Sindicato, que injustamente é
acusado aqui de radicalizar o debate e de ter algum problema de ordem pessoal,
que não tem nenhum problema de ordem pessoal com o Secretário. O que se pede,
agora, é a demissão do Secretário pela incompetência em estabelecer uma
política municipal de saúde, por ter péssimas condições de higiene e
instalações dos nossos postos de saúde, dando péssimas condições também aos
pacientes, e às pessoas que lá trabalham, e isso é sonegado, isso é escondido.
Então, quando se fiscaliza e se denuncia criam-se as crises como a crise do
Governo anterior, em que o Secretário Fontana foi demitido, porque havia o
sucateamento do Pronto Socorro Municipal, e diziam que era tudo mentira, que
era outro país, que era outra cidade, que não era aqui. E agora então,
novamente, pela primeira vez desde a instalação do Governo do Partido dos
Trabalhadores, nós temos uma greve contra a política que se quer estabelecer,
não só por problemas de salários e de plano de carreira, que é verdade, mas tem
problemas, sim. Mas o que se quer debater é a qualidade da saúde aqui, que é
lamentável. Esse problema do grande flagrante que se deu com esse e-mail da Secretária Substituta,
totalmente descompassado com a ordem do Sr. Prefeito, que se sente mal, porque
politicamente errou, porque assinou alguma coisa com o aval do Sr. Secretário
da Saúde. E era absolutamente errado esse decreto. E ele voltou atrás pela sua
dignidade pessoal e voltou atrás nesse decreto e o transformou, o transferiu
para daqui a 120 dias para que se pudesse discutir e que se visse uma solução
para o impasse; pois logo a seguir se viu que não era nada disso que a
Secretaria da Saúde iria fazer.
Então,
os médicos estão respondendo com greve. Só por isso saiu publicado em todos os
jornais o e-mail, inclusive dizendo
que não era nem para ser publicado e muito menos exteriorizado, que não poderia
nem ser exposto. Vergonhosamente não poderia estar nem expostos. Por isso, as
entidades médicas estão processando a Secretaria Municipal da Saúde, e vem o
nosso Líder aqui dizer: “Não, é uma coisa pessoal e só uma questão de salário.”
Não, é questão de condições de trabalho, também, e inclusive de recepção de
pacientes, que são largados em postos de saúde periféricos, onde não têm
higiene, onde não há condições de conforto, principalmente para o exercício da
única coisa que sustenta este Governo, na área da saúde, que, quando vem para o
debate, diz: “Não, nós cumprimos duzentas e setenta e quatro mil consultas médicas.”
Mas quem é que faz essas consultas? Essas pessoas da periferia que esvaziam os
nossos hospitais, porque atendem e fazem prevenção? Pois são essas pessoas que
são tratadas dessa forma. É isso aí, Ver. Pedro Américo Leal. Lamento dizer que
não é bem assim como disse o Líder Ver. Marcelo Danéris que, evidentemente, com
uma manobra diversionista, com disfarce, com uma falácia, diz que o problema
está na área dos salários, quando não está; está na estrutura da saúde,
vergonhosa, nos últimos dezesseis anos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, “o tempora!
o mores!”, já dizia Virgílio na
sua célebre Eneida. Vejam V. Ex.as que a gente, há pouco, assistiu
aqui a uma cena que eu não imaginava. O Partido dos Trabalhadores, ligado à
defesa dos interesses dos assalariados, vem à tribuna, primeiro, denunciar a
greve; segundo, vem à tribuna para questionar o Sindicato Médico. É só
valendo-se de uma expressão latina para manifestar a nossa indignação pela
mudança dos costumes do Partido dos Trabalhadores.
Eu sei que há um preconceito, de parte da base petista aqui
na Casa, de entender que os médicos não são trabalhadores. Não sei o que são!
Estão sendo acusados de grevistas, e o Presidente do Sindicato, Dr. Argollo, é
questionado pelo Líder do PT, porque está fazendo uma greve em defesa da
melhoria das condições de saúde da cidade de Porto Alegre.
Nós sabemos que a saúde e a segurança são os
calcanhares-de-aquiles das atuais Administrações Estadual e Municipal. É,
Vereador, só que o Partido de V. Ex.ª, Ver. Juarez Pinheiro, que está na
administração da cidade de Porto Alegre desde que a saúde foi municipalizada, é
o responsável pelo caos do Sistema Único de Saúde na cidade de Porto Alegre.
Aqui
era muito fácil, lembro-me do discurso que faziam. O discurso era direcionado
ao Presidente Fernando Henrique e ao Ministério da Saúde, que não repassava os
recursos necessários para fazer frente aos problemas da saúde. Onde está o PT
agora na distribuição das verbas da saúde? E depois acertam uma coisa, compõem
uma pauta com os grevistas e, depois, não cumprem! Compõem uma pauta, fazem um
pacto de suspensão da greve, buscam uma articulação e, no dia seguinte, saem à
cata dos médicos, com o livro de ponto, numa flagrante violação daquilo que
tinha sido pactuado!
O Ver. Dr. Goulart, o Ver. Cláudio Sebenelo,
médicos desta Casa, aqui Vereadores, denunciaram esse absurdo praticado pelo
Secretário Municipal da Saúde e o seu grupo, que administra com incompetência a
Saúde! Aliás, isso já não vem de hoje.
Olha,
eu até sugiro ao Secretário da Saúde que faça o caminho do ex-Secretário
Henrique Fontana, só que ele não é Vereador. O ex-Secretário Fontana saiu da
Saúde, veio para cá e, de cá, foi guindado para a deputação federal. Será que é
mais fácil? É uma falta de visão administrativa. Há, nesse segmento dos postos
de saúde, cujo atendimento é da maior precariedade na Lomba do Pinheiro, na
Restinga, nos hospitais de atendimento onde a Prefeitura instala, com a sua
Central de Consultas, um clima de verdadeiro terror para aqueles que precisam e
suplicam por saúde num momento difícil! E eu acho até que tem de se reconhecer
o corpo médico, o esforço que fazem no sentido de, vestindo, incorporando-se ao
seu juramento feito por ocasião da sua formatura de médico, aos ideais e aos
princípios de Hipócrates, cumprem a sua parte. Infelizmente, os administradores
não estão preparados! Tivessem vontade política e disposição administrativa,
nós não íamos resolver de pleno e nós sabemos que há limitações, ninguém é
ingênuo, mas, que poderia estar melhor a saúde em Porto Alegre, ah, isso
poderia! Não está pela incompetência e pelo despreparo! Esse despreparo que
existiu à época do Governo do Estado, e que eu temo, porque sou parcela nesse
processo, pelo que está acontecendo no Governo Federal também, que é dramático
o problema, como diz o Presidente Lula. Então, ficam nessa, Ver. Wilton Araújo,
disputa de beleza por cargos e pelos espaços político. É isso que acontece.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse
problema que trouxe o Ver. Cláudio Sebenelo e o Ver. Isaac Ainhorn à tribuna é
lamentável que esteja ocorrendo. O Ver. Pedro Américo Leal, que encarou esse
assunto, provocou uma reunião das Lideranças, contribuiu para que houvesse uma
negociação junto ao Governo do Município, deve estar muito frustrado com a
situação que hoje se registra, com a mais absoluta desconsideração a todo
trabalho realizado, no qual, inclusive, pontificou, justiça se faça, o
Presidente da Casa, que, imediatamente credenciado pelas Lideranças, se
deslocou até o Paço Municipal e costurou o que era uma solução, que não
perdurou por uma semana, por não terem sido cumpridas as coisas acordadas.
Cenário político difícil de ser administrado. Semelhante ao cenário político em
que vive o País.
Nós
vemos o Presidente da República e seus porta-vozes apelarem para a compreensão
nacional, convocarem os Partidos políticos e suas lideranças para um esforço
conjunto pelas reformas. E não se sabe, Ver. Pedro Américo Leal, quais as
reformas que pretende o Governo Federal, que tem uma base política muito
estreita. E essa base política se estreitou mais ainda, na medida em que se
abriram espaços, criaram-se ministérios para contemplar todos os derrotados nos
Estados brasileiros, o que, evidentemente, dificulta predisposições de
expressivos segmentos representativos da vida política nacional somarem-se, num
esforço governamental, cujos objetivos se desconhece e cuja base de sustentação
padece desses vícios que nós estamos a referir.
De
outra banda, os compromissos aprofundados com o Fundo Monetário Internacional
reduzem, cada vez mais, a margem de negociações que dispõe esse Governo.
Agora,
Ver. Sebastião Melo, dizem que esta semana o seu Partido, o velho PMDB de guerra,
vai ficar em observação, querem ver o comportamento do PMDB no Congresso
Nacional, para, então, decidirem se ele está ou não com ânimo de participar do
Governo. Querem ver como o PMDB vai votar umas propostas de interesse do
Governo. E a primeira proposta que se anuncia é aquela que cria condições de
regulamentação do sistema financeiro nacional. É a primeira proposta que vai se
votar. As mudanças, as reformas naqueles segmentos mais claramente solicitados
pela comunidade, aqueles que mais diretamente dizem no bolso, dizem na saúde,
dizem na vida, no quotidiano do cidadão brasileiro, a Reforma Tributária, a
Reforma da Previdência, com relação a essas já se admite que no segundo
semestre vai chegar o projeto. Projeto que ainda está em gestação, porque se
criou um ministério biombo que, segundo o Deputado Babá e o Senador Jeferson,
do PT, trata-se do “ministério da inutilidade”, para ter uma única utilidade: a
de se transformar em biombo dessa situação toda, de ficar discutindo a
formulação de propostas de reforma, que é o Ministério ocupado pelo Dr. Tarso
Genro, ex-Prefeito desta Cidade - que é mais um dos derrotados contemplados,
para o qual foi criado um Ministério, cujos contornos não são conhecidos
devidamente, mas que é um Ministério. S. Ex.ª gosta de ser chamado de
Ministro-Chefe da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Social,
alguma coisa dessa ordem, que é o biombo nacional criado pelo PT para cobrir o
seu Governo.
De
outro lado, leia-se, na revista Veja,
o Ministro da Reforma Agrária - Ver. Wilton Araújo, vou dar-lhe uma informação
– disse que o grande problema com os assentamentos é não dar mais propriedade
para os assentados. Tem que dar sabem o quê? Direito Real de Uso, é a mesma
fórmula daqui de Porto Alegre. Como podemos envolver a Nação em um projeto de
pouca seriedade como esse? Aí o cenário fica muito difícil mesmo, Sr.
Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, o PPS volta à tribuna para tratar do assunto que,
certamente, os porto-alegrenses estão, hoje, a sentir - os efeitos de mais uma
malconduzida negociação e articulação por parte do Poder Público Municipal.
Reinicia-se a greve dos trabalhadores da Saúde, reinicia baseada em decisão de
assembléia geral da categoria que, com autoridade, reincita o movimento. Hão de
dizer: “Nada de tão novo nisso!” O novo está na informação que a população de
Porto Alegre não tem, na informação que a maioria dos Vereadores desta Casa não
tem, mas que os Vereadores Dr. Goulart e Cláudio Sebenelo têm com certeza - a
distribuição dos postos de saúde, as zonas de atendimento desses postos de
saúde é de uma inconseqüência, de uma falha, de uma falta de política de
governo para a saúde, abismante. Nós que nos estamos debruçando sobre o
planejamento espacial desta Cidade, encontramos na Saúde um dos piores momentos
dos quase dezesseis anos de Administração petista. Há grandes bolsões que
reúnem quarenta, cinqüenta, sessenta, às vezes oitenta mil pessoas que não têm
um posto de saúde, Ver. Cláudio Sebenelo - e V. Ex.ª sabe disso -, não há um
posto de saúde. Onde tem estrutura da Saúde é onde menos se precisa dela; está
concentrada, mal articulada, mal distribuída e, portanto, ineficaz, inexistente
para quem precisa dela para ficar lá muito tempo. E se porventura, houver o
primeiro atendimento, certamente o atendimento do especialista - aquele que
realmente vai entrar na doença específica - vai se dar daqui a seis, oito
meses, um ano! Mais uma informação que os Vereadores-médicos já sabem, mas a
outra maioria não sabe, principalmente a maioria governista desta Casa - pasmem
os senhores! -, aumentou o número de amputações na Cidade. Por quê? Exatamente,
porque a segunda consulta, a consulta do especialista, leva um ano. Obviamente,
quando chegar lá, precisa-se arrancar o membro e não mais curar. E eu vejo isso
com preocupação. A Liderança governista petista desta Casa vem à tribuna, numa
manobra diversionista, tentando desfocar o movimento que quer discutir a Saúde
e a eficiência da Saúde na Cidade. E o nobre Líder do PT nesta Casa vem dizer
que isso é picuinha pessoal, que são diferenças pessoais, disputas pessoais.
Engana-se! O que quer, não só o Sindicato Médico, mas a oposição desta Casa, é
discutir a realidade daqueles que não têm saúde na Cidade. Estamos preparados
para discutir o assunto.
Certamente
uma boa oportunidade para isso vai ser na próxima quarta-feira, em Sessão, quando
os Secretários da Saúde do Município, do Estado, o representante do Ministério
e mais, obviamente, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores da Saúde vão
estar aqui. Esse vai ser um momento rico para discutir tudo, discutir aquilo
que nós queremos discutir: a falta de saúde no Município. Srs. Vereadores,
ouvir o Partido dos Trabalhadores dizer que é coisa pessoal e, em segundo
momento, dizer que a greve é contra a população, ora eu não queria ter vivido
tanto para ouvir isso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Saúdo o retorno ao nosso Plenário do Ver.
Dr. Goulart.
Havendo
quórum, passamos à
São
onze os Vetos a serem examinados; na Ordem do Dia, já são trinta e um os
Projetos de Lei. Chamo a atenção dos Srs. Vereadores de que esses onze Vetos
estão trancando a Pauta, e de que deve haver uma aceleração na votação deles.
Nós estamos perdendo muito tempo na votação.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
3003/02 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/02, que altera as Leis Complementares n.os
07, de 1973, 48, de 1979, e 197, de 1989, e a Lei n.º 7.773, de 1996,
revoga dispositivos das Leis Complementares n.os 07, de 1973, 197,
de 1989, e 396, de 1996, e dá outras providências (concede incentivo para a
manutenção da atividade agropecuária, preservação ambiental e
histórico-cultural no Município; introduz correções no cadastro imobiliário do
IPTU; entre outras disposições).
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela rejeição do Veto Parcial.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art.
77, § 4º, da LOM;
-
votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
-
adiada a discussão por uma Sessão;
- discutiram a matéria, em 19-03-03, os
Vereadores M.Danéris, R.Pujol, P.A.L(cedeu p/L.Braz), I.Ainhorn, D.Campani, Zé
Valdir(cedeu p/D.Campani), B.Moesch, J.Pinheiro e J.C.Nedel.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM – aprova o
Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o
Projeto, aceita o Veto.
- Trigésimo dia: 18-03 (terça-feira).
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLCE n.º 004/02, com Veto
Parcial. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
colegas Vereadoras e Vereadores, nós estávamos inscritos na última Sessão, mas,
por falta de quórum, acabamos não fazendo uso da palavra.
Dirijo-me
a todos, especialmente ao Ver. Isaac Ainhorn, porque esta Emenda é de autoria
do Ver. Isaac Ainhorn, sendo que para alguns se trata de “isenção”, para outros
se trata de “exclusão” dos boxes comerciais.
Em primeiro lugar, durante esses dois anos de mandato, um
dos eixos da nossa atuação tem sido a questão dos resíduos sólidos. Tenho-me
apropriado de muitos dados que temos hoje pelo Brasil afora e penso, Ver. Isaac
Ainhorn, que nós temos uma legislação muito atrasada aqui em Porto Alegre. Eu
não concordo com a tese de termos de pagar lixo por metro quadrado. Faça-se
justiça: essa legislação vem de 1984, portanto, não vem do Governo da Frente
Popular, que está aí há 14 anos. Essa Lei é de 1984. Todavia, existem, hoje,
cidades como São Paulo que se encaminharam para uma outra direção, qual seja, o
cidadão declara qual é a sua produção de lixo e vai pagar de acordo com uma
escala que existe para isso.
Há o Código de Limpeza Urbana tramitando aqui na Câmara
Municipal. Foi relator dessa matéria, o Ver. Beto Moesch. Nós estamos
apresentando uma série de emendas: algumas já apresentadas; outras,
apresentaremos. Nós achamos que temos uma legislação, nesse aspecto, muito
atrasada. Ver. Wilton - e eu tenho os exemplos todos aqui, portanto, estou
falando de dados concretos - a taxa do lixo é maior do que o IPTU, muitas
vezes. E eu estou falando de uma Cidade que tem orçados 37 milhões de reais, e
que o DMLU terá uma receita de 36 milhões de reais neste ano de 2003. Mas eu
queria também dizer que, se nós achamos, Ver. João Dib, que não é correto - e
Porto Alegre, acho, é uma Cidade avançada -, nós temos que avançar para um
outro patamar de discussão, nós temos de construir uma legislação capaz de
fazer, Ver. José Valdir, com que o sujeito pague por aquilo que ele produz de
lixo. Se ele produz toneladas de lixo, ele tem de pagar pelas toneladas de
lixo; se ele produz um quilo de lixo, ele tem de pagar pelo quilo de lixo que
ele produziu. Os exemplos são os mais diversos: alguém pode morar em uma casa
de 400m2, uma única pessoa, e produzir uma quantidade de lixo
mínima. Tanto é, Ver. Pedro Américo Leal, que eu também estou aprofundando - e
dentro de 3, 4 dias terei aqui talvez um apanhado das ações do Brasil inteiro -
esse estudo. Mas vou trazer, como exemplo, o Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro,
recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu - a instância maior do
Judiciário - sobre uma contribuinte do Rio de Janeiro, Ver. Juarez. Deve ser um
Mandado de Segurança. Na verdade o que tenho aqui é uma resenha, e eu vou
buscar o voto do relator. Foi relatora do processo a Ministra Ellen Gracie,
seguida do voto do Veloso.
Eu quero dizer que começa a pipocar no Brasil - e por isso
eu acho que nós temos que construir, porque acho que é uma questão de Justiça
-: os contribuintes vão à Justiça, e o Supremo já decidiu, dizendo que cobrança
de taxa por metro quadrado é ilegal, é abusivo, é inconstitucional. Eu vou
votar pela derrubada do Veto; vou votar, portanto, com a Emenda do Ver. Isaac
Ainhorn, mas acho que o conjunto está mais errado do que esta questão pontual.
Eu não vou resolver a questão “olhando apenas a árvore, sem olhar a floresta.”
Eu quero “olhar a floresta como um todo, a floresta está errada, ela precisa
ser corrigida”, e acho que a correção deverá ser feita no Código de Limpeza
Urbana. Vou votar com o Ver. Isaac, mas acho que a sua Emenda não resolve por
inteiro, não corrige, Ver. Juarez Pinheiro, as injustiças, porque, na verdade,
vou corrigir, talvez, dos boxes comerciais, mas não vou corrigir outras
injustiças. Esta é uma matéria de profundidade para um bom debate, e acho que
esta Casa, especialmente nesta legislação, vai ter de buscar... Acho que a
nossa Comissão de Saúde poderia pensar em, quem sabe, convidar Secretários ou
presidentes dos departamentos de lixo de Curitiba, do Rio de Janeiro, de São
Paulo para vermos as experiências pelo Brasil afora. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO BOSCO VAZ:
Sr. Presidente, quero fazer um registro que muito nos honra: pelo segundo ano consecutivo,
o nosso colega Ver. Haroldo de Souza é escolhido o Top of Mind, o narrador esportivo mais lembrado. Isso honra a nossa
Casa e engrandece a Câmara de Vereadores. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): Os nossos cumprimentos ao Ver. Haroldo de Souza
e desejamos que ele continue fazendo sucesso.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Aldacir
Oliboni, para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. JUAREZ PINHEIRO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, inicialmente, as
nossas homenagens ao Ver. Haroldo de Souza, nosso colega, que recebe essa
distinção extremamente merecida, pela sua capacitação profissional.
Queremos,
aqui, Ver. Luiz Braz - vou pegar V. Ex.ª -, fazer a seguinte afirmação: quem
derrubar este Veto não está do lado da população. E vou explicar por que digo
isso. Não há nenhuma dúvida, Ver. Luiz Braz - vou pegá-lo como referência dos
demais colegas -, de uma confusão, colocada pelo Ver. Sebastião Melo, não há
nenhum problema na doutrina relativamente a se tratar de exclusão ou não. A
exclusão admite duas modalidade: a anistia e a isenção. A única dúvida, Ver.
Isaac Ainhorn, sobre isso é se, no caso da isenção, a norma abstrata incide no
fato gerador, gerando obrigação tributária. Alguns acham que não e outros acham
que incide, mas não gera obrigação tributária.
Uma
ou outra situação, Ver. Sebastião Melo, anistia e isenção são modalidades, são
espécies da exclusão. Quanto a isso, então, Ver. Isaac Ainhorn já me acena, é
pacífico.
O que ocorre, porém, Ver. Carrion, é que essa iniciativa
viola dois princípios. Em primeiro lugar, ela trata de isenção, e o art. 150, §
6.º da Constituição Federal diz que para a isenção há necessidade de um projeto
singular, o projeto não ser uma emenda a outro projeto. Está dito no art. 150,
§ 6.º, e o Ver. Isaac Ainhorn diz que não é verdade. Então, eu vou ler a o §
6.º do art. 150: (Lê.) “Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de
cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão”. Além do mais é
claro que ela faz com que haja diminuição de receita.
Portanto,
ela fere o art. 61, Ver. Goulart, II, letra b, que diz que projetos de matéria
tributária são da competência da iniciativa do Chefe do Poder Executivo, e que
qualquer Emenda a projeto de matéria, cuja competência é do Poder Executivo,
não pode aumentar despesa. Já li o artigo, Ver. Isaac. O que eu quero dizer
aqui, Srs. Vereadores, é que, se nós não acolhermos este Veto, nós vamos estar
punindo aqui a comunidade. A discussão que o Ver. Sebastião Melo trouxe é uma
discussão correta. Temos de verificar se há fato gerador ou não há fato
gerador, se boxe gera lixo ou não gera lixo. Nós também temos essa dúvida e já
nos comprometemos aqui de encaminhar um projeto constitucional e legal
regulando essa matéria.
Agora,
se os Vereadores derrubarem este Veto, eles deixam o Poder Executivo na
obrigação de ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade, porque não
pode subsistir uma emenda com tamanha dificuldade de sustentação. Fere o art.
61, II, letra b da Constituição, fere o art. 150, § 6.º, ao tratar de matéria
tributária.
Nós
estamos aqui, Ver. Isaac Ainhorn, chamando a atenção e ao bom senso esta Casa,
porque entre nós todos há uma sensibilidade de que essa tributação de boxe em
áreas não-residenciais não é justa.
A
forma de irmos ao encontro da população não é através de uma Emenda
absolutamente inconstitucional, insubsistente, sob o ponto de vista jurídico,
que obriga o Poder Executivo a ingressar com uma medida judicial para sustá-la.
Portanto,
a Liderança do PT já fez, aqui, uma proposta a esta Casa: que venhamos a
acolher este Veto, Ver. Isaac Ainhorn, e então encaminharemos, há um
compromisso da Bancada do Governo, um projeto que disponha sobre essa matéria.
Ver.
Isaac Ainhorn, reflita: se V. Ex.ª insistir em derrubar este Veto, obriga o
Executivo a ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade. Esta Emenda
é absolutamente inconstitucional. Aliás, eu nunca vi um dispositivo tão
inconstitucional nesta Casa, Ver. Isaac Ainhorn.
A
sua Emenda consegue ferir quatro ou cinco dispositivos constitucionais. Ou
seja, vamos aqui demonstrar se estamos do lado da população ou se queremos,
meramente, Ver. Dr. Goulart, fazer aqui uma disputa política partidária de
desgaste.
Eu
acho que esta Casa, neste caso, tem como fazer o consenso e ficar do lado da
população. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra,
por cedência de tempo do Ver. Dr. Goulart, para discutir o PLCE n.º 004/02, com
Veto Parcial.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, às
vezes, eu penso que o Ver. Juarez Pinheiro encontra-se numa Câmara Cível do
Tribunal de Justiça a discutir conceitos, acórdãos e doutrinas no âmbito jurídico.
Ora, Vereador, já provei aqui nesta Casa - e vou acabar com esta discussão de
V. Ex.ª -, uma Emenda de exclusão da Taxa do Lixo dos boxes residenciais,
porque não produzem lixo, só por isso!
Eu
quero trabalhar com os conteúdos! Eu desafio o Governo de V. Ex.ª a entrar com
a ação direta de inconstitucionalidade, Ver. Juarez Pinheiro, e não vai levar,
porque, se nós não podemos apresentar emendas a projetos de ordem
tributário-financeira oriundos do Executivo, então, para que esse custo todo
desta Câmara de Vereadores, Ver. Wilton Araújo? Para que serve o mandato de V.
Ex.ª e o mandato dos 33 Vereadores desta Casa se não puder aperfeiçoar projetos
do Poder Executivo? Ora, Ver. Juarez Pinheiro, como é que está aí vigendo até
hoje a exclusão da Taxa de Lixo dos boxes residenciais, e só? Não consta a
exclusão dos boxes comerciais, porque, na época, um Vereador que se dizia
marxista - e não era, porque o Marxismo é uma práxis, é uma concepção de mundo,
e temos que desenvolver a sua compreensão no seu cotidiano da aplicação do
concreto - achava duas coisas: que comércio e sexo são pecados. Estão lá no
período medieval. Ver. Juarez Pinheiro, solicito atenção de Vossa Excelência.
Eles acham, Vereador, esse Vereador que se diz marxista, ele tem uma concepção conservadora,
entendendo que comércio é pecado. Isso é uma visão medieval, que atividade
mercantil é uma atividade de cidadãos desprezíveis, isso é uma concepção
medieval, que sexo é pecado. Ora, eu vou discutir com um homem que se diz
marxista, mas que, na sua prática do cotidiano, ele é um homem de uma visão
aristotélico-tomista. Não dá para
trabalhar, não dá, tem de ter uma visão e uma práxis dialética, Vereador. É
isso, Vereador.
Eu
sou Vereador de Porto Alegre, apresentei uma Emenda, que foi aprovada, de
exclusão dos boxes residenciais e comerciais em 1991. Foi aprovada com uma
exclusão dos comerciais, porque esse Vereador tinha um preconceito com o
comércio, não gosta de comércio, tem rejeição. Muito bem, o que fazer?
Apresentar a exclusão dos comerciais, porque, ou restabelece o princípio da
Taxa de Lixo para os residenciais e os comerciais, ou se exclui para os
comerciais também.
O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ilustre Vereador, só para que não paire dúvidas, como sou um
marxista, gostaria que V. Ex.ª confirmasse que não se trata da minha pessoa.
Muito obrigado.
O SR. ISAAC AINHORN: Não, não, é um Vereador do passado. Eu
sei que V. Ex.ª não tem preconceito nem com comércio nem com sexo. Eu sei que
V. Ex.ª é um homem aberto, um homem de vanguarda. Eles estão naquela de que
tudo isso é pecado. Que seja, não é Ver. Zé Valdir? Repito que não é o Ver.
Carrion; era um outro Vereador, que se dizia comunista-marxista, mas, na
prática, não é, porque são conservadores.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Marcelo Danéris.)
Ver.
Marcelo Danéris, eu não quero entrar nessas considerações, nesse aparte
anti-regimental de Vossa Excelência. A questão é a seguinte: apresentei essa
proposta, foi aprovada no passado, fui o autor de um Substitutivo sobre IPTU,
estabelecendo um freio no limite da inflação ao IPTU para os anos 2000 e
seguintes. E hoje pretendemos, aqui, reavaliar o indexador do IPTU, porque o
indexador do IPTU é um indexador cruel e perverso contra os munícipes da cidade
de Porto Alegre, que é o IGP-M. Daí, o Prefeito João Verle diz: “Ah, mas os
funcionários públicos do Município recebem pelo IGP-M”. Lógico! Foi uma obra do
trabalhismo. Não foi do PT. O sempre candidato Tarso Genro queria acabar com o
IGP-M em Porto Alegre como indexador do salário dos funcionários. A população
de Porto Alegre é de um milhão trezentos e cinqüenta mil habitantes, e os
funcionários públicos municipais são vinte mil. Vamos restabelecer isso. Ou
vamos lutar por nossas prerrogativas de direito de emendas, de projetos e vamos
aos tribunais sustentar nossas posições, ou vamos ter de encerrar o
Legislativo, porque não teremos mais o que fazer senão prestar homenagens e dar
nomes às ruas. Assim não serve, Vereador. Tem de fazer como fez o Ver. Cassiá,
para trazer uma discussão política: apresentou um Projeto de vedar a
apresentação, por parte do Executivo, de Taxa de Iluminação Pública. Que digam
que é inconstitucional, mas esta Casa vai dizer mais alto: aumentos de impostos
e tributos na cidade de Porto Alegre este ano não passarão! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra
por cessão de tempo da Ver.ª Margarete Moraes para discutir o PLCE n.º 004/02,
com Veto Parcial.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver.ª Maria Celeste, na presidência dos
trabalhos hoje à tarde, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, o Ver.
Isaac Ainhorn tratou aqui do marxismo. A verdadeira face da esquerda, segundo o
Vereador Isaac, foi destrinchada aqui. Não entendo, Ver. Isaac Ainhorn, se o
nobre Vereador era marxista em 1999, quando votou contrário a um Projeto que
isentava os boxes comerciais. Está aqui: em 1999, sobre Emenda do Ver. Antonio
Hohlfeldt, o Ver. Isaac Ainhorn votou “não” contra a isenção. Ver. João Bosco
Vaz, em 29 de dezembro de 1999, no mesmo Projeto, com Emenda do Ver. Antonio
Hohlfeldt que isentava os boxes comerciais, alguns Vereadores votaram
contrários a este Projeto. Adivinhem, vou dar uma chance: o Ver. Isaac Ainhorn,
marxista, na época, votou contrário, ou é marxista agora. Não entendi muito
bem, porque numa hora ele vota a favor, em outra hora, vota contra. Talvez ele
tenha votado contra porque a Emenda não era dele, e, agora, sendo Emenda dele,
ele vota a favor. Mas há uma contradição jurídica e política nesta votação.
Mas
quero ir ao mérito, Ver. Isaac Ainhorn.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte?
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sim, mas quero concluir o meu pensamento
primeiro.
O Sr. Isaac Ainhorn: Vou-lhe permitir, Vereador.
O SR. MARCELO DANÉRIS: No debate aqui nós colocamos claramente a
proposta, na tribuna, da Bancada, pelo Líder do Governo. Qual é a proposta que
nós achamos que é muito melhor para a construção de um IPTU justo, Taxa de Lixo
justa, para um tributo justo, equilibrado? Mantemos este Veto, o Secretário da
Fazenda, Ricardo Collar, recebe o Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. Nedel e todas as
entidades representadas aqui, interessadas neste Projeto, para construir uma
proposta conjunta, com equilíbrio de receita, com equilíbrio orçamentário, a
ser apresentada neste ano na Câmara e votada neste ano. Se derrubarmos o Veto,
é óbvio que as mesas de negociação estão abertas, e continuaremos discutindo e
debatendo, não há nenhum problema. A diferença é que, mantido o Veto, há o
compromisso - assumo aqui, como Líder de Governo - do Governo, por intermédio
do Secretário da Fazenda, de receber todas as entidades, os Vereadores
interessados na matéria, para construir a proposta e votá-la neste ano,
mantendo o Veto. Derrubando o Veto, o Governo vai argüir inconstitucionalidade,
e nós temos certeza de que temos mais chances jurídicas do ponto de vista desta
Emenda e deste Veto do que a manutenção deste Veto. O que eu digo prejudica e
atrasa o debate em relação a esse tema, inclusive com as entidades que aqui
hoje estão representadas. Melhor manter o Veto, melhor sentar à mesa, melhor
trazer o Projeto, melhor aprovar o Projeto com o conjunto da Câmara; isso é um
debate melhor do que apenas derrubar o Veto para fazer debate sobre marxismo,
Ver. Isaac Ainhorn.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, só para deixar uma coisa bem clara na minha conduta
parlamentar nesses anos. Eu sempre tive uma concepção a respeito da Taxa do
Lixo em relação a boxe permanente, porque ele não produziu lixo. Agora, eu não
teria inibição nenhuma se mudasse de idéia em alguma matéria. Eu sempre tenho
mantido uma linha de coerência. Invoco aqui, em primeiro lugar, Voltaire: “Só
não muda de idéia” – não é o caso – “quem não as tem.” Em segundo lugar, eu não
sou toupeira para andar em linha reta.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra, por cessão de tempo do Ver. Almerindo Filho, para discutir o PLCE n.º
004/02, com Veto Parcial.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, tem razão o Ver. Isaac Ainhorn, quando afirma que
só não muda de posição quem não as tem, quem as tem pode mudar a qualquer
momento. Mas entendo que algumas coisas não podem mudar nunca, são convicções,
e eu acredito que dificilmente eu possa ser cobrado de quebra de algumas de
minhas convicções. E uma das convicções, Ver. Elói Guimarães, V. Ex.ª que é
merecedor do meu melhor apreço, é de que as coisas precisam ser feitas com
critérios e não há como se discutir, a não ser com base naqueles princípios que
instruem a legalidade, a moralidade e, sobretudo, a eficiência dos processos
que tramitam nesta Casa.
Não posso deixar de reconhecer que a essa matéria, à qual o
Ver. Isaac Ainhorn propôs uma Emenda, inúmeros Vereadores desta Casa propuseram
Emendas no sentido de ajustar um processo muito abrangente que por aqui
tramitou, e uma delas, essa Emenda do Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Luiz Braz, no
meu entendimento, corrige uma distorção e uma grave injustiça tributária que se
processa no município de Porto Alegre.
Ora,
nós sabemos, e o Ver. Luiz Braz mais do que ninguém, que é um especialista na
área, que taxa é o tributo que tem como fator gerador o uso efetivo ou
potencial de um serviço público e tem como base de cálculo o custo desse
serviço. Ora, estamos diante da Taxa do Lixo e o fator gerador seria a produção
efetiva ou potencial do lixo por parte dos boxes comerciais. A Casa já entendeu
que os boxes de estacionamento de automóveis nos edifícios residenciais, por
não gerarem lixo, devem ser excluídos da tributação e já os são. O mesmo se
quer, por isonomia, levar para os boxes de estacionamentos de edifícios
comerciais, onde, com muito mais razão ainda do que nos residenciais, não
existe a produção efetiva do lixo, muito menos a produção potencial.
Estamos
assim, Ver. Luiz Braz, meu ilustrado parceiro de representação popular, diante
de um caso flagrante de bitributação, e, se alguma inconstitucionalidade existe
em todo esse processo, não é na Emenda do Ver. Isaac Ainhorn, mas na prática
que vem sendo realizado em Porto Alegre.
A
mesma razão, o mesmo fator gerador do Imposto Predial Territorial Urbano é
utilizado também para a fixação da Taxa de Lixo, isto é, a metragem da área
construída e a localização do imóvel. É lógico que há outras circunstâncias,
mas esse é um fator gerador, já, do IPTU, não pode também ser fator gerador da
Taxa do Lixo.
É
pacífico que o boxe comercial não gera, efetivamente, lixo. Poder-se-ia
discutir tão-somente a potencialidade da geração de lixo, o que, a nosso juízo,
também não existe. Mas se, por hipótese, existisse, seria mínimo. E aí
recomendar-se-ia a sua isenção, o que é vedado na Lei de Responsabilidade
Fiscal nas hipóteses de inexistir correspondente compensação fiscal.
Por
isso, resta um caminho, e esse caminho é o que encontrou o Ver. Isaac Ainhorn,
a não-incidência, isto é, a exclusão do lançamento por não ser encontrado fator
gerador que o justifique.
Então,
aos doutos integrantes da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que esgrimem
argumentos jurídicos contra a Emenda, quero dizer que falta critério, porque
emendas que produziram alterações na tributação foram acolhidas dentro desse
próprio Projeto. Segundo, a grande inconstitucionalidade – não sei por que não
foi argüida até agora – está no lançamento desse tributo, já que inexiste fato
gerador que o justifique. Por isso é até uma medida salutar de restabelecimento
da legalidade tributária da Cidade que a gente acompanhe o Ver. Isaac Ainhorn e
não acolha este Veto, mantendo o Projeto, porque ele não tem a
inconstitucionalidade que lhe é apresentado, pelo contrário, cobre, retira,
escoima uma inconstitucionalidade há muito existente no setor. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra
para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. CARLOS PESTANA: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, é importante registrarmos que ocorreram treze Vetos do Executivo.
Desses treze Vetos, nós já discutimos dois. Um, nós derrubamos, o Veto do
Prefeito, e o outro, que era uma proposta do Ver. Ervino Besson, na verdade,
nós incorporamos na constituição da Secretaria de Direitos Humanos. E quando eu
falo isso, quero registrar o pequeno número de Vetos. E mais: mesmo entre esse
pequeno universo, vários deles já foram incorporados na proposta do Executivo.
Poderia citar outro exemplo, como foi a proposta do Ver. Sebastião Melo, que
vetamos, sobre a questão da Linha do Belém Novo. Mas, na verdade, ela foi
incluída no Projeto de Financiamento do BNDES.
Então,
isso demonstra, por parte do Executivo, com o esforço conjunto da nossa
Bancada, Bancada do Governo, Bancada do Partido dos Trabalhadores, um esforço
de querer compor soluções com a oposição desta Casa, procurar fazer um síntese
que, fundamentalmente, beneficie a população. Aqui, neste debate sobre o IPTU,
já foi externado, seja pela nossa Liderança, o Ver. Marcelo Danéris, seja pelo
Ver. Juarez Pinheiro, a vontade do Executivo de construir uma solução que
beneficie um conjunto de pessoas que estão sendo prejudicadas ou se sentem
prejudicadas por essa questão da taxação do lixo.
Então,
o esforço que a oposição - e, em particular, o Ver. Isaac Ainhorn, que é autor
dessa Emenda - deveria fazer é se somar junto à Bancada do Governo, junto a
essa disposição do Executivo, que vem demonstrando, em todos os Vetos que
vieram para esta Casa, vontade para construir uma proposta que realmente
beneficiasse a população de Porto Alegre a insistir nesse tema de querer votar
o Veto no dia de hoje, nos termos que está colocado, em razão da sua clara
ilegalidade, uma vez que não é competência do Legislativo legislar sobre a
questão tributária, vai obrigar o Executivo a entrar com uma ação de
inconstitucionalidade, o que pode inviabilizar uma negociação futura.
Ora,
nós estamos vindo aqui, em nome do Executivo, com a Bancada do Governo,
assumindo um compromisso de, ainda este ano, construir uma proposta que procure
contemplar o conjunto das situações que foram levantadas, seja das igrejas,
seja das instituições de caridade, seja das creches, enfim, todas as situações
que foram ponderadas nesse processo. Então, há uma disposição da nossa Bancada,
há uma disposição do Executivo. E, infelizmente, se insistirem em votar a
derrubada do Veto, isso pode inviabilizar uma negociação que seria extremamente
positiva, não para a Bancada do Partido dos Trabalhadores, não para o
Executivo, mas para o conjunto da população.
Então,
há plena disposição da nossa parte, e nosso compromisso, assumido, seja como
Secretário da Fazenda, seja como Líder da nossa Bancada, de construirmos essa
solução que pode beneficiar dezenas de moradores, milhares de pessoas na
construção dessa solução. Caso contrário, volto a repetir, infelizmente, não é
da nossa prática política, mas seremos obrigados a argüir a
inconstitucionalidade dessa Emenda.
Por
essas razões, faço um apelo às Bancadas da oposição nesta Casa para que
reconsiderem a sua posição e venham a se somar com o Executivo e com a Bancada
do Governo para construir uma saída e uma solução, que, eu tenho certeza, vai
beneficiar, sim, a população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu gostaria de fazer uma comunicação ao
Plenário. Amanhã, dia 25, às 17h, nós vamos realizar uma Sessão comemorativa
dos 231 anos de Porto Alegre. A Banda Municipal estará aqui abrilhantando a
solenidade. Provavelmente, o Sr. Prefeito Municipal também esteja presente.
Eu
solicitaria que todos os Vereadores viessem amanhã cumprimentar a nossa Porto
Alegre, nos seus 231 anos.
O
Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto
Parcial.
O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Antonio Dib,
que dirige os trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, todos
que nos assistem aqui e também nas suas residências por intermédio da TV
Câmara, eu penso que nem utilizarei os 5 minutos, mas não queria, neste debate,
deixar de trazer também a opinião do PC do B.
Em
primeiro lugar, quero dizer que a questão de mérito existe, há disponibilidade
quanto ao mérito da matéria, há disposição da Administração, já firmada aqui
por diversas vezes, no sentido de uma negociação. Portanto, se há o ânimo da
negociação, a disposição para negociar, esse caminho da derrubada do Veto, do
confronto, é um caminho equivocado; é um caminho que não contribui para essa
disposição, não contribui para a negociação e, portanto, não contribui para
solução.
É
claro que a discussão dessa matéria nos tribunais terá ganho de causa para a
Prefeitura, porque é insustentável essa Emenda que isenta.
Portanto,
eu queria, exatamente, reforçar essa compreensão jurídica. Vejam bem, trata-se,
através deste artigo vetado, de uma isenção da Taxa de Lixo para determinado
setor, no caso as garagens, e o artigo – já foi dito aqui mas eu vou repisar –
n.º 150 da Constituição é cristalino e diz: (Lê art. 150 § 6.º da Constituição
Federal.) “Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão
de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou
contribuições” - que é o caso -, “só poderá ser concedido mediante lei
específica federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as
matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição”.
Portanto,
não pode, mediante esse mecanismo de uma Emenda. Isso é evidente, não vai
prosperar na Justiça, só que escolham outro caminho, não o da negociação, escolham
o caminho do confronto. Então, parece-me que não é inteligente. Eu vou-me
colocar na posição de quem quer conseguir a isenção, não é o caminho
inteligente.
Segundo,
também o art. 61, que trata da iniciativa das leis, é claro. A iniciativa desse
tipo de matéria é do Executivo. Portanto, é uma vitória, se ocorrer; é uma
batalha, se ocorrer, de Pirro. Vocês conhecem o que é a Batalha de Pirro? É a
batalha na qual se pode, eventualmente, vencer uma votação, mas não levar, pois
o desgaste é maior. Quero ponderar aos Vereadores que pretendem derrubar que é
uma mera demonstração de força. Nesse sentido, a Bancada do PC do B, por
respeitar a Constituição, respeitar a legalidade, e vendo que, neste caso, é
insuperável a ilegalidade, vai votar pela manutenção do Veto, mas também está
compromissada no sentido de fazer uma negociação e se dispor a ajudar nessa
negociação. Este é o encaminhamento da Bancada do PC do B. Portanto, somos a
favor do Veto e contrários à derrubada do Veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrada a discussão. Em votação o
PLCE n.º 004/02. (Pausa.)
O SR. CARLOS PESTANA (Requerimento): Em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, solicito o adiamento da votação por uma Sessão, para que consigamos,
junto às outras Lideranças interessadas, construir uma solução melhor do que a
encaminhada.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento do Ver. Calos
Pestana, solicitando o adiamento da votação do PLCE n.º 004/02 por uma Sessão.
Quero
pedir a atenção de V. Ex.as, porque temos 11 Vetos a serem
apreciados. No primeiro semestre, talvez não se consiga isso na marcha em que
estamos votando.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar o Requerimento do Ver.
Carlos Pestana, solicitando o adiamento da votação do PLCE n.º 004/02 por uma
Sessão.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, de forma alguma, Presidente, o que estamos propondo é perda de
tempo. Ao contrário, nesta Casa, composta por inúmeras Bancadas, mais de uma
dezena de Bancadas, onde temos uma composição, no que tange ao leque
ideológico, extremamente plural, não são poucas vezes, Ver. Ervino Besson, que
é possível buscarmos o consenso, e há em todas as Bancadas um sentimento claro
de que quem será prejudicado, se esta Câmara de Vereadores não tiver bom senso,
será o contribuinte, porque não há uma voz dissonante nesta Casa em nenhuma das
Bancadas que não tenha o entendimento, que não tenha a sensibilidade de que
esse tributo, Ver. Haroldo de Souza, não está correto. Subjetivamente
poderíamos discutir se um boxe não-residencial gera ou não lixo, mas essa
Emenda, se aprovada, não resolve nada, Ver. Isaac Ainhorn, porque ela é prenhe
de vícios de ordem jurídica e trata de matéria tributária, ela diminui a
receita, é uma isenção, exigiria uma lei própria para isso. Há uma posição da
Bancada do Governo, e eu me arvoro em nome do nosso Líder, se tiver que ser por
escrito, faremos por escrito, Srs. Vereadores, será que as nossas disputas de
ordem político-partidária, numa matéria tão importante para todos os
porto-alegrenses que detêm um boxe em área não-residencial, que pode ser
resolvida, sim, pelo sentimento de transigirmos, pelo sentimento de
solidariedade com a população, se podemos resolvê-las, por que não o faremos?
Vamos ir aos tribunais, Ver. Isaac Ainhorn, discutir se há fato gerador ou se
não há; se um Vereador pode entrar com uma iniciativa tributária, ou se não
pode; se a Emenda do Ver. Isaac Ainhorn teria que constituir um projeto próprio
ou não. Para que tudo isso, Ver. Isaac Ainhorn? Se poderíamos muito bem acordar
e vir um Projeto do Poder Executivo votado em regime de urgência, e, ao fim, ao
cabo quem ganharia com isso seria a população. A disposição de derrotar o Governo,
dizer nas estatísticas que derrubaram o Veto do Prefeito pode somar
individualmente para um ou outro Vereador, e não é o objetivo de V. Ex.ª, Ver.
Isaac Ainhorn. Vereador, não estou falando para V. Ex.ª, porque reconheço que
esse tema V. Ex.ª trata em todo o seu mandato. Se tivesse que dizer que é para
V. Ex.ª, eu diria, Ver. Isaac Ainhorn, como já o fiz outras vezes. O que
fazemos aqui, Ver. Reginaldo Pujol, é um apelo ao bom senso, é um apelo para
que venhamos a buscar o consenso. Se for necessário fazer por escrito, vamos
fazer. Não há dúvida nenhuma para nenhum Vereador de que esse tributo não está
justo, que tem de ser aperfeiçoado. Mas não é esse o remédio, através da Emenda
de um Parlamentar, e é por isso que estamos pedindo a reflexão dos Srs. Vereadores
e das Sr.as Vereadoras. Vamos dar uma Sessão para que a oposição
possa sentar, discutir, refletir e verificar que há possibilidade de consenso
nessa matéria, porque não se trata de questão ideológica, trata-se de justiça
fiscal.
Portanto,
é uma última oportunidade e não queremos deixar que ela fuja. Há um consenso,
Ver. Pedro Américo Leal, da injustiça do tributo; apenas o remédio buscado pelo
Ver. Isaac Ainhorn não é o remédio que vai enfrentar essa doença. Queremos,
aqui, “consensuar”. Se for necessário fazer por escrito, faremos. Vamos pensar
na população e vamos deixar de lado, um pouquinho, os nossos interesses em
granjear prestígio para uma ou outra agremiação e vamos pensar na população.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Diretoria Legislativa coloca uma
dúvida, que transfiro ao Plenário. Na verdade, se tivéssemos apenas este Veto,
o adiamento não seria possível. Mas como além dele há mais dez Vetos nas mesmas
condições, este Presidente entende que não há dificuldade em aceitar a
prorrogação proposta pela Liderança do PT.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento de adiamento
de votação do PLCE n.º 004/02.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente Ver. João Dib, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores. Ver. João Antonio Dib, muito embora este
Vereador, particularmente, seja até favorável a que possa haver adiamento para
que se estabeleça algum tipo de acordo possível, acredito ser impossível
adiarmos esta matéria. O que é possível se fazer é apenas colocar este Veto
para ser votado por último, depois dos outros Vetos que também trancam a
matéria. Agora, solicitar adiamento, nós vamos estar ferindo o Regimento da
Casa, porque eu não posso adiar uma matéria que já está, na verdade, trancando
a Pauta; eu posso, de repente, trocar a ordem de votação, o que é diferente. Eu
posso trocar a ordem de votação deste Veto, com outros Vetos que estão aí para
ser votados. Penso que estarei, com isso, preservando o Regimento, não vou
atropelar aquilo que nós devemos zelar, que é o Regimento desta Casa, porque,
se começarmos a atropelar o Regimento, apenas para satisfazer situação de
momento, nós abriremos precedentes, o que pode ser perigoso para o futuro. Eu
não concordaria em fazer o adiamento, mas se o Ver. Isaac Ainhorn, que é o
autor da Emenda que estamos aqui discutindo, aceitar um tipo de acordo que
possa mudar a ordem de votação dos Vetos, eu penso que é alguma coisa possível,
que não vai ferir o nosso Regimento e que vai colocar esta Casa numa situação
melhor do que a que ela se encontra agora na votação, simplesmente, do
Requerimento para adiar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. CARLOS PESTANA: Só para tentar agilizar os trabalhos da
Casa, quero dizer que concordamos com a proposta do Ver. Luiz Braz no sentido
de que possa haver, não o adiamento, mas, sim, a inversão da Pauta.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Devo dizer ao Ver. Isaac Ainhorn que não
estou querendo modificar coisa alguma. Sou um homem de bom senso. E a Ordem do
Dia está parada, até o fim deste semestre provavelmente, pela intransigência do
Plenário. Eu não sou intransigente, eu estou colocando em votação o
Requerimento, eu sou obrigado a colocar em votação o Requerimento, eu não tenho
outra atitude a tomar.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar o
Requerimento de adiamento da votação do PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial por
uma Sessão.
O SR. ISAAC AINHORN:
Sr. Presidente, esta Casa tem um compromisso com a Cidade. Nós estamos aqui
para votar os Vetos. Eu tenho o meu questionamento, que é se cabe ou não o
adiamento neste momento. Em primeiro lugar, tenho minhas dúvidas regimentais se
este Requerimento do PT cabe. Porque o PT tem de enfrentar a discussão
política, a discussão dos interesses da Cidade. O PT está tentando desagregar
uma oposição que tem um papel aqui dentro desta Casa. E não vai conseguir. Se
no passado fez isso, agora não leva mais! E eu saúdo inclusive o Ver. Pedro
Américo Leal, que tem estado à frente de um trabalho de coordenação das
oposições. Nós também não somos intransigentes. Nós, como oposição, admitimos
negociações. Agora, nós fazemos esse trabalho em bloco e como coletivo desse
conjunto de Vereadores de oposição. A oposição não está aqui para atender aos
interesses do PT, que não quer sofrer revés nem derrota nas suas posições. Acho
que nós já nos equivocamos na votação do Projeto pontual do IPTU no ano
passado, que tratava do incentivo à atividade pecuária; o que nós deveríamos
ter feito naquele momento era limitar o IPTU em 50% da inflação naquele ano, e
eu assumo a responsabilidade de não ter apresentado uma Emenda. Se o Vereador
está tão preocupado com este Projeto, Ver. Juarez Pinheiro, está tão
preocupado, é porque ele ataca duramente o Governo, ele não está interessado em
atender à oposição, ao PDT, ao PSDB ao PPS, ao PPB. E a oposição faz seu jogo.
E, felizmente, nós estamos conseguindo aqui. Eu fico muito satisfeito, porque,
historicamente, sou oposição ao PT aqui nesta Casa. Embora seja amigo e tenha
um respeito muito grande pelos Vereadores do PT nesta Casa. Sou amigo, tenho
respeito, agora, não adianta, Ver. Carlos Pestana - V. Ex.ª que se comporta
sempre como um cavalheiro, como um gentleman
-, vir tentar propor negociações numa fase final. Eu até fiz uma negociação,
mas a intransigência do meu amigo, Líder do PT, Ver. Marcelo Danéris, não
aceitou a proposta. Eu disse: “Vamos derrubar o Veto e vamos estabelecer um
prazo, se derrubar o Veto, porque tem que derrubar, vamos estabelecer um prazo
de 30 dias para discutir uma alternativa.” Qual é a diferença que faz? Não.
Eles não querem sofrer o revés nesta Casa, Ver.ª Clênia Maranhão. Por que nós
não cumprimos o nosso papel e desobstruímos a Pauta? E o PT, aqui, está
obstruindo a Pauta. Ah! Diz a Ver.ª Maristela Maffei, agora, que obstruir a
Pauta e não votar nada, faz parte do jogo democrático. É isso que eles querem,
Ver. João Dib; e eu quero votar os Vetos. É só V. Ex.ª convocar mais uma, duas,
três Sessões, e vamos votar os Vetos. Lógico, o que quer o PT? Esvaziar a
Sessão e manter os Vetos do Prefeito, mas a oposição não vai aceitar esse jogo
que o PT pretende impor aos partidos de oposição desta Casa. Não pode,
Vereador, não serve aos interesses da oposição. Até tenho uma proposta de
negociação que o Secretário Ricardo Collar aceitou, e o Ver. Marcelo Danéris
não aceitou. O que eu disse a ele? Nós, da oposição, vamos cumprir o nosso
papel, derrubar o Veto e, posteriormente, derrubado o Veto, promulgado, vamos
sentar à mesa de negociação. O Governo tem até Ação Direta de
Inconstitucionalidade, tem espaço para discutir. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): A Mesa vai colocar a situação, porque não pode
ouvir com a isenção com que devem ser ouvidos pronunciamentos, pela forma como
estão sendo colocados. O art. 172, do Regimento, diz que “a votação será
realizada com a presença da maioria absoluta dos Vereadores. Parágrafo único -
A votação será contínua e só em casos excepcionais, a critério do Presidente,
poderá ser interrompida.” O Presidente, de uma forma sensata, recebendo o
Requerimento, colocou em votação o Requerimento. Agora, como queriam perder
tempo, fizeram-se novos discursos. Eu quero dizer que se a oposição - e eu sou
oposição - está tão certa de que derruba o Veto, derrube o Requerimento. É
muito mais fácil, até para que se possa fazer uma verificação do quórum da
oposição.
O SR. PEDRO AMÉRICO
LEAL: Tenho a impressão de que a situação está se
tornando grave, porque nós desembocamos, este ano, com essa obstrução de Pauta,
e temos que tomar providências. A Presidência tem que chegar até o ponto de se
usar a tribuna com parcimônia. Do contrário, não caminhamos.
O SR. MARCELO DANÉRIS:
Só para esclarecimento: essa matéria entrou em votação quarta-feira da semana
passada, e o quórum foi retirado pela oposição; entrou quinta-feira da semana
passada, e o quórum foi retirado pela oposição. Entrou em votação agora, e nós
queremos o adiamento para negociação.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Este Vereador pediu, reiteradas vezes,
apelou reiteradas vezes, e chamou a atenção: nós temos onze Vetos para serem
examinados. Houve o Requerimento do Ver. Carlos Pestana.
Em
votação nominal, por solicitação dos Vereadores Sebastião Melo, Cassiá Carpes,
Haroldo de Souza, Reginaldo Pujol e Cláudio Sebenelo, o Requerimento de autoria
do Ver. Carlos Pestana solicitando o adiamento da votação do PLCE n.º 004/02,
com Veto Parcial por uma Sessão. (Após a apuração nominal.) Aqueles que por
algum motivo não conseguiram fazer o registro de seus votos e os que desejam
fazer a troca do voto, façam-no agora.
O Ver. Cláudio Sebenelo troca o seu voto de SIM para NÃO.
O Ver. Wilton de Araújo vota NÃO.
REJEITADO o
Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana por 13 votos SIM e 17 votos NÃO.
Em votação o PLCE n.º 004/02. O Ver. Marcelo Danéris está
com a palavra para encaminhar.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, público que nos acompanha pela
TVCâmara, é importante, neste encaminhamento, esclarecer algumas coisas em
relação à posição do Partido dos Trabalhadores. Ao contrário do que foi dito
aqui, da nossa intransigência com relação a esse debate, ou a tentativa de
prolongar o debate, é importante esclarecer, Ver. Cláudio Sebenelo, que a Bancada
do PT, por seu Líder, disse muito claramente aqui a vontade e a disposição de
negociar o Projeto.
Qual
é a negociação possível? Não para os interesses da oposição e nem para os
interesses da situação, como tratou aqui o Ver. Isaac Ainhorn. Não se trata dos
interesses da oposição versus
interesses da situação. Trata-se dos interesses da população de Porto Alegre.
Essa é a diferença. Há interesse, sim, do Executivo em ajustar esse Projeto. Há
interesse, sim, do Executivo, Ver. Luiz Braz, em agregar nesse Projeto o que
não foi ouvido: clubes de mães, associações de bairros, igrejas, templos. Há
disposição do Executivo em construir esse Projeto, entregá-lo neste ano e votar
neste ano, com o O.K. do Executivo. A Emenda ao Projeto do Ver. Isaac Ainhorn,
vetada, é insuficiente, Ver. Luiz Braz, para a situação. Ela tem uma série de
problemas legais, mas não importa entrar nesse mérito; importa é nos colocarmos
à disposição do Governo e da Bancada para negociar, e não a intransigência,
como quer ser dito aqui, nem os interesses da oposição versus interesse da situação e sim os interesses da população -
essa é a diferença! Na quarta-feira passada, a oposição não tinha 17 votos para
derrubar o Veto, não tinha, retirou o quórum; na quinta-feira, o Ver. Isaac
Ainhorn articulou e negociou com o Plenário, porque não tinha de novo os 17
votos, para adiar para hoje. Todos, Ver. Isaac Ainhorn, quero dizer também com
o acordo da Bancada do PT. V. Ex.ª propôs, por duas vezes, adiar a votação, e a
Bancada do PT aceitou. Isso é intransigência?
O
Executivo vem e se propõe a negociar e a construir uma proposta conjunta. Eu
pergunto: isso é intransigência? O que se pede é: mantenha-se o Veto e sentemos
com o Secretário da Fazenda, junto com o Ver. Isaac Ainhorn, com o Ver. João Carlos
Nedel, que trata da matéria, para que possamos, junto com as entidades,
construir um projeto único, que trate globalmente do assunto. Isso é
intransigência? Intransigência, parece, é daqueles Vereadores, poucos
felizmente, que querem tratar esse assunto como interesses da oposição. E aí eu
chamo a atenção das entidades envolvidas, de todos aqueles que tem interesse,
sim, nisto aqui, que é a população de Porto Alegre. Sempre que uma matéria for
tratada como interesse da oposição versus
interesse da situação, eu não sei quem ganha, Ver. Luiz Braz, mas eu sei quem
perde: é a população de Porto Alegre. Porque o que tem que estar sob o nosso
interesse são os interesses do conjunto da população em Porto Alegre. E por que
não fazer um Projeto que beneficie as garagens comerciais? Por que não fazer um
Projeto que beneficie restaurantes que têm estacionamento? Por que não fazer um
Projeto que beneficie, Ver. João Carlos Nedel, igrejas, templos, associações de
mães, de bairros? Por que não fazer um projeto melhor, e, intransigentemente,
em vez disso querer derrubar o Veto, Ver. Cláudio Sebenelo? Não é melhor fazer
a mesma negociação? Não é sempre reivindicado aqui que o Executivo tenha
disposição de construir Projetos junto com Vereadores? Pois agora, quando o Executivo
tem a disposição, os Vereadores querem derrubar de forma intransigente,
independente de negociação.
A
proposta do PT, hoje, era justamente nós podermos adiar isto para chegarmos a
uma negociação. Isso faz parte do debate do Parlamento, isso faz parte do papel
do Legislativo, isso é parte do papel dos Vereadores e das Vereadoras que
compõem esta Casa. A sociedade de Porto Alegre espera, quando nós aqui estamos
discutindo Projetos tão importantes, que tenhamos a capacidade de fazer um
debate, de sentar à mesa - Executivo, Legislativo e a sociedade civil
organizada - para propormos matérias para serem votadas, que atendam os
interesses comuns e não os interesses da oposição ou os interesses da situação.
Quero repetir aqui que quando apenas os interesses da oposição e os interesses
situação se confrontam, nós não sabemos quem ganha, mas nós sabemos quem perde:
é a população de Porto Alegre. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Presidente desta Casa,
Ver. João Antonio Dib; demais membros da Mesa - nosso Vice, Ver. Elói
Guimarães; nossa 1.ª Secretária, Ver.ª Maria Celeste; demais Vereadores e
Vereadoras, e os que nos assistem aqui e acompanham os trabalhos, ou nas suas
casas, eu possivelmente não usarei os cinco minutos, mas, como um homem de
diálogo que sou, buscando uma solução para esta questão, queria chamar a
atenção dos Srs. Vereadores que esse caminho do confronto é um caminho para
prejudicar os interessados. Por quê? Vejam bem, nesta matéria, do ponto de
vista constitucional, do ponto de vista legal, a derrubada do Veto é
insustentável. Isso posto, qual é a obrigação do Executivo, que está aberto
para negociação, que está se dispondo a se reunir com as partes para encontrar
uma alternativa, indo para um confronto, indo para a derrubada do Veto,
proclamando o resultado à Casa? De ofício, a Prefeitura precisa recorrer ao
Judiciário, ganhará a liminar com absoluta certeza. A questão ficará sub judice, poderá demorar dois anos no
Tribunal de Justiça do Estado, e com a liminar, estará o Veto mantido.
Evidentemente, estando sub judice, não
poderá haver a negociação. Como poderá haver essa negociação que candidamente o
Ver. Isaac Ainhorn propõe de derrubarmos o Veto e depois sentamos à Mesa, se a
matéria está sub judice? Como poderá
o Executivo negociar, se a matéria está sub
judice? Ele estará, ao negociar, anulando o seu pedido de liminar, anulando
o mérito do seu recurso ao Tribunal. Portanto, por pelo menos dois anos,
aguardaremos a solução. Digamos, Ver. Wilton Araújo, que o Tribunal de Justiça
do Estado dê ganho de causa - que não dará -, de ofício, o Governo Municipal
deverá, Ver. Pedro Américo Leal, recorrer à instância superior. E aí quem sabe
por mais quatro anos, mais cinco anos estará o processo sub judice, mais uma vez impeditivo de uma negociação que o
Executivo, de forma tão aberta, tão clara, propõe para as partes. Portanto,
Ver. Dr. Goulart, nessas circunstâncias, apostar na derrubada do Veto pode até
satisfazer a vaidade do Ver. Isaac, que parece que fez esta Emenda, que vai
dizer: “Derrubamos o Veto”, mas impedimos a negociação, porque o Município vai
recorrer, vai ficar sub judice. Sub judice não existe negociação, se
perder no Tribunal, vai recorrer no Superior e ficará sub judice e sem negociação. Quem é o amigo dos donos de boxes?
Quem quer criar esse impasse, quer impedir a negociação, que será derrotada, ou
quem está aqui propondo a negociação? É evidente que é o caminho da negociação
não o do confronto que constrói a possibilidade de uma saída. Um outro caminho
leva à guerra, leva à uma vitória de Pirro, porque é uma derrota, e impedirá a
negociação. Que cada Vereador, no voto, tenha isso consciente: votar pela
derrubada do Veto é romper a negociação; votar pela manutenção do Veto é abrir
o caminho da negociação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para encaminhar a votação do PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, ouvi atentamente os diversos Vereadores que discutiram a matéria,
bem como os encaminhamentos. O primeiro detalhe importante – e nós, Vereadores,
sempre sabemos – é que esta é uma matéria de natureza tributária. E quando se
legisla em termos de matéria tributária, fica muito complicado, porque, na
realidade, está-se propondo uma evasão fiscal. E eu pergunto: de que forma vai
haver a contrapartida dessa perda que o Município vai deixar? Ou possibilitará
uma perda em termos de receita? Nós recebemos o Sindicato em nosso gabinete e
já tínhamos a informação da Prefeitura de que o Município, através da sua
Secretaria de Fazenda, quer sentar, sim, para mostrar e montar um projeto de
aperfeiçoamento. Conhecendo o Ver. Isaac Ainhorn, eu sei que ele também é um
homem de diálogo, é um homem que consegue, tranqüilamente formalizar um novo
projeto, e esse projeto viria até de iniciativa do próprio Executivo, mas
parece que, muitas vezes, a pressa ou a tentativa de dizer que se derrubou o
Veto vai levar, eu não tenho nenhum dúvida, a esse impasse jurídico, que vai
levar alguns anos, e não vai chegar ao objetivo, àquilo que se quer.
Está
bem clara a questão de uma das razões do Veto, que diz: “Trata-se de Projeto
que altera a Lei Completar que dispõe sobre Imposto Predial e Territorial
Urbano, e consegue incentivo tributário na forma da Lei, tendo sido vetada e
aprovada Emenda de iniciativa do Vereador, que estende incentivo fiscal aos
proprietários de boxe comercial. Quanto à exclusão de incidência de Taxa de
Lixo, ou seja, a Emenda que alterou o Projeto original, é inválida.” Nós já
tivemos aqui na Câmara inúmeras tentativas dessa natureza, mas todas que
tiveram êxito sem ter o impasse judicial foram aquelas que foram acordadas
junto com o Executivo.
Eu
não sei por que, talvez tenha passado despercebido, ou talvez o próprio
sindicato das empresas não tenha interesse em sentar, mas eu digo com toda
propriedade que tenho inúmeros amigos que possuem garagem, e falo com
tranqüilidade e isenção sobre esse aspecto, mas talvez, em não querendo sentar
para dialogar, possam-se criar bem mais problemas, vai-se criar um impasse. Eu
entendo que a questão da discussão tem de ser feita, o Município quer fazer,
porque tem algumas razões no seu mérito, mas não é essa a forma. Essa forma nos
parece que não é a melhor. Surpreende-nos, até, volto a dizer, porque é de
natureza tributária, e sempre tem essa dificuldade. E a surpresa maior é quando
o próprio Poder Executivo disse em bom tom, e está sendo dito aqui hoje, que
quer sentar, quer discutir, quer dialogar, mas parece que não encontra
ressonância do outro lado. Então, isso dificulta, até porque na vida
parlamentar, na vida política todas as ações são de duas mãos. Essa atitude
está sendo uma atitude unilateral. Só espero que realmente não vá para a esfera
jurídica, porque os objetivos que queremos ou que buscamos nem sempre têm o seu
êxito.
Portanto,
Sr. Presidente, em nome do PSB, vamos votar pela manutenção do Veto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal o PLCE n.º 004/02.
(Após a apuração nominal.) APROVADO por
18 votos SIM e 11 votos NÃO, considerando-se
rejeitado o Veto Parcial a ele aposto.
Declaração
de Voto, do Ver. Reginaldo Pujol. (Lê.)
“Taxa
é um tributo que tem como fator gerador o uso efetivo ou potencial de um
serviço público e tem como base de cálculo o custo do serviço. Estamos,
rigorosamente, frente a um caso de bitributação, vedado em nosso ordenamento
jurídico. Com efeito, a área física do imóvel e sua localização, base do
cálculo da taxa de lixo, é a mesma utilizada para o cálculo do IPTU,
caracterizando a bitributação. É pacífico que o boxe comercial não gera,
efetivamente, lixo. Poder-se-ia discutir tão-somente a potencialidade de
geração do lixo, o que, a nosso juízo, também não existe. Se houvesse, seria
mínimo e recomendo a sua isenção, vedada na Lei de Responsabilidade Fiscal, nas
hipóteses de inexistir a correspondente compensação fiscal. Resta, pois, como
solução correta, a não-incidência ou exclusão do lançamento, por não
encontrarmos fato gerador que o justifique. Por tal razão, confirmo meu voto a
favor do Projeto e, por conseqüência, pela rejeição do Veto, eis que destituído
de fundamentos jurídicos que o sustente. Reginaldo Pujol, pelo seu Partido,
Partido da Frente Liberal.”
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Projeto de Lei do Legislativo n.º 053/01,
com Veto Total. (Pausa.)
O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, eu queria apreciar o PLL
n.º 056/02, com Veto Total, de ordem, antes do PLL n.º 053/01, com Veto Total.
Eu queria que V. Ex.ª o colocasse em votação.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Há um Requerimento para que seja votado
antes o PLL n.º 056/02, com Veto Total. Coloco o Requerimento à consideração
dos Srs. Vereadores. (Pausa.)
Eu
chamaria a atenção dos Srs. Vereadores, dou toda a atenção para ambos os lados,
mas a Cidade precisa que os Vetos sejam apreciados. Eu acho que esse não é o
tipo de trabalho que se espera de nós.
O
Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para encaminhar o Requerimento do Ver.
Isaac Ainhorn.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, a Bancada do PT quer registrar, de público, Sr. Presidente, Ver.
João Antonio Dib, que está totalmente solidária com o seu apelo. Apenas um
porém: o Parlamento aqui, o Legislativo tem que fazer o debate, as posições têm
que ficar claras para a população. Não dá para apenas votar e a população não
entender por que uns votam contra e outros votam a favor. É importante fazer o
debate e a população estar esclarecida, inclusive para ter posição sobre o
assunto. Quanto ao restante, à agilidade do processo, todos nós somos
solidários com o Presidente da Casa, Ver. João Antonio Dib. Agora, fomos
acusados aqui, Ver. Zé Valdir, de tentar postergar Sessões, de tentar não votar
Projetos. Pois, agora, para surpresa geral, inclusive de quem nos acompanha
pelo Canal 16, o Ver. Isaac Ainhorn quer fazer uma manobra regimental aqui para
tirar o quórum e não votar o próximo Projeto! Mas vamos ficar, fazer o debate e
votar!
Agora,
eu não posso compreender que o Ver. Isaac Ainhorn venha à tribuna, acuse a
Bancada do Partido dos Trabalhadores, a Bancada da Frente Popular de não querer
votar o Projeto, depois de ter proposto dois adiamentos da votação do Veto
anterior e, agora, queira adiar de novo, fazer uma manobra de Requerimento para
ver se tem quórum, se não tem quórum e retirar o quórum da Sessão! Então, a
Bancada do Partido dos Trabalhadores, e posso dizer a Frente Popular, está
presente aqui para fazer o debate, está presente para votar, está presente para
propor negociações, e está presente aqui, inclusive, para dizer quando não
podem ser feitas negociações. E a Bancada vai acompanhar o Veto, ou a Bancada,
Ver. Isaac Ainhorn, vai ajudar a derrubar o Veto, como já aconteceu na votação
desses Vetos aqui; a Bancada do Partido dos Trabalhadores derrubou o Veto do
Prefeito, em comum acordo, por meio de uma negociação e de um esclarecimento do
que continha, no mérito, o Projeto. Mas aí é fácil o ataque aqui da tribuna,
chama de intransigente, diz que está tentando não votar, e o próprio Vereador
que diz isso agora vai encaminhar uma tentativa de retirada de quórum, fazendo
um novo Requerimento. Aí não é possível aceitar, aí não é sério.
Nós
temos que permanecer aqui, fazer o debate, Ver. Pedro Américo Leal. Agilizar o
processo não quer dizer cortar o debate político. Por que eu digo isso? Porque
a população que nos assiste, quem nos acompanha tem de entender por que os
Vereadores, nos quais ela votou, votam “sim”, votam “não” ou se abstêm. Não é
possível que, com relação a uma matéria, por exemplo essa do Ver. Haroldo de
Souza, que foi vetada, que trata de educação, nós não expliquemos à população
como é que cada um vota.
Então,
Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, nós estamos ao lado da agilização do
processo, mas também a favor de um debate para esclarecer. E o Legislativo é
para fazer o debate.
Eu
espero que o Ver. Isaac Ainhorn retire o Requerimento, faço um apelo aqui para
que ele retire o Requerimento, que contradiz - eu sei que ele já disse que a
toda hora muda de opinião -, há 10 minutos, o que ele estava dizendo. O Ver.
Isaac Ainhorn disse que só não muda de opinião quem não as tem, mas, de 10 em
10 minutos, não é possível! Há 10 minutos era contrário, agora é a favor de
Requerimento. Então, apelo ao Ver. Isaac Ainhorn é para que retire este Requerimento,
e que nós possamos fazer o debate do Veto que trata do Projeto do Ver. Haroldo
de Souza e possamos votar. Ou isso é mais uma manobra, porque a oposição, ao
não ter 17 votos, retira o quórum. Quando os tem, quer votar; quando não os
tem, retira o quórum. E a população fica assistindo a isso em casa. E depois,
quando há quórum, não quer fazer o debate, aí não é possível. Isso é para
esclarecimento: podem os 33 Vereadores discutir e ainda assim ser votado com
toda a tranqüilidade no mesmo dia. São trinta e três debates, dez
encaminhamentos, é possível votar no mesmo dia. Agora, só querer votar e
acelerar o processo quando tem o número de votos, aí é fácil. E, ainda, depois,
quando tem os votos, não querer que os outros debatam, é mais fácil ainda.
Então,
nós queremos, sim, agilizar o processo, mas nós queremos o debate democrático.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para encaminhar o Requerimento, de sua autoria, referente à alteração da ordem
de votação dos Projetos.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, eu venho a esta tribuna
até porque é uma responsabilidade muito grande para com as pessoas que estão
aqui presentes e para com as pessoas que nos ouvem, pois, às vezes, podem não
entender esse processo que acontece aqui.
Em
primeiro lugar, hoje a bancada petista está muito contrariada porque teve uma
derrota política aqui na Casa, pois quando a oposição fica unida e coesa, como
se manifestou nesse episódio, isso não agrada ao PT de Porto Alegre, da
Prefeitura Municipal, do Executivo; eles queriam que nós estivéssemos divididos
para eles reinarem, como têm reinado nesses anos todos. Mas a oposição tem
mudado de perfil. Isso é muito positivo.
Eu
não tenho por que, eu acho que nós devemos trabalhar, do ponto de vista
parlamentar, de forma transparente, não como fez aqui o Ver. Marcelo Danéris,
que, muitas vezes, com esse tipo de colocação, induz as pessoas a uma má visão,
aqueles que estão-nos assistindo. Não dá para fazer isso, Ver. Marcelo Danéris.
Naturalmente, a oposição, para derrubar um Veto – e aí nós vamos ter de
explicar: o Projeto vai aprovado para o Sr. Prefeito, e o Prefeito tem – eu não
estou explicando para Vereador: eu estou explicando para o grande público – a
possibilidade de sancionar o Projeto ou vetar. Muito bem, no caso, nós estamos
agora apreciando um conjunto de Vetos formulados pelo Sr. Prefeito, e a
oposição aqui na Casa, quando a matéria vem à reapreciação do Poder
Legislativo, da Câmara Municipal, no Veto, para a oposição derrubar um Veto,
como são 33 Vereadores, ela precisa de 17 votos afirmativos, dezessete
presenças aqui que digam “sim” ao Projeto e “não” ao Veto do Sr. Prefeito. Esse
é o jogo político que faz parte. Óbvio, quando eu, Líder político de uma
bancada de oposição nesta Casa, no caso o PDT, e que tem uma responsabilidade
com o conjunto de outros Líderes desta Casa, assim como o Ver. Pedro Américo
Leal, Líder do PPB; como o Ver. Reginaldo Pujol é Líder do PFL; como o Ver.
Sebastião Melo, Líder do PMDB; como o Ver. Cassiá Carpes, do PTB; como o Ver.
Haroldo de Souza que, embora não seja Líder, é um Vereador desta Casa. Temos a
responsabilidade de conduzir o processo, então temos que ter dezessete votos
afirmativos. Ora, no momento em que não temos mais Vereadores – isso é comum no
Plenário – para votar uma matéria, isso interessa a quem? Interessa ao PT,
neste momento, ver votados esses Projetos, porque aí os Vereadores não poderão
derrubar o Veto. Qual é a mecânica? Nós pedimos uma votação, que não terá
quórum, a Sessão vai-se encerrar e enfrentaremos a questão na próxima
quarta-feira. Temos que discutir isso transparentemente, essa é a mecânica,
como diria a Ver.ª Maristela Maffei, que há pouco disse de forma brilhante –
faz parte do jogo democrático. Concordo com ela, agora, quando tenho os votos,
quero votar, isso é evidente. Não sou pouco inteligente – idiota é pouco
inteligente segundo o dicionário. Como não sou isso que acabei de dizer, é
óbvio que eu representando uma bancada de oposição e outros Vereadores, quando
não temos condições de ganhar um Projeto, vamos tentar inviabilizar a votação
para que reorganizemos as nossas tropas oposicionistas e vencemos. Não é assim,
Ver. Elias Vidal, V. Ex.ª está no seu primeiro ano de mandato, mas já
compreendeu essa mecânica tão bem conduzida pelo Líder de vossa Bancada, Ver.
Cassiá Carpes. Assim derrubamos, com a Liderança do Ver. Cassiá Carpes e a
coerência dele, a Taxa de Iluminação Pública. Assim temos enfrentado o PT com a
lucidez do Ver. Pedro Américo Leal, que tem permanentemente nos ajudado nesse
trabalho de Líderes aqui. Agora, não vamos votar o Veto do Sr. Prefeito ou um
importante projeto do Ver. Haroldo de Souza e vamos perder, fazer uma votação
aqui sem os dezessete votos afirmativos. Então, vamos usar um mecanismo
regimental para levar para quarta-feira a votação. Assim como os senhores do
PT, quando perceberam que íamos derrubar o Veto e tínhamos voto para isso, o
que V. Ex.as, do PT, queriam fazer? Adiar a votação. Obrigado, Ver.
Haroldo de Souza, mas pude explicar, de forma bem intencionada, a questão de
como funcionam os mecanismos democráticos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Devo dizer aos Srs. Vereadores que a
Sessão ainda pode ter 31 minutos dentro do horário regimental e pode ser
prorrogada por mais duas horas. Entendo que os Vereadores estão à disposição da
Casa, e não tenho dúvidas disso.
O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar o Requerimento de
autoria do Ver. Isaac Ainhorn, referente à alteração da ordem de votação dos
Projetos.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu venho à tribuna porque, se não, passaria
batida uma colocação da bancada governista. A nossa Bancada está aqui e vai
votar da mesma forma que votou o Requerimento que a Bancada do Governo
encaminhou de pedido o adiamento de votação, e teve a legitimidade para
fazê-lo. O que o Ver. Isaac Ainhorn está pedindo é que seja uma inversão. Eu
apresentei um Projeto nesta Casa que, lamentavelmente, foi bombardeado por
todos os lados, porque há uma coisa aqui que não está correta, Ver. Juarez
Pinheiro, que é Vereador estar em plenário e não votar. Isso não está correto
eticamente. Muro, não! O sujeito deve chegar aqui e votar “sim”, “não” ou
“abstenção”, mas não tem o direito de estar no Plenário e não votar. Não
concordo com isso; é antiético e desrespeitoso com a população! Quero dizer que
isso tem de ser corrigido, porque é uma manobra regimental, e, às vezes, tem
quórum no Plenário, e as pessoas não votam. Isso não está correto! Se é para
colocar o pingo nos “is”, vamos colocar. Não vamos vender uma meia-verdade.
Portanto,
quero dizer que a nossa Bancada não só é solidária, Sr. Presidente, e acho que
V. Ex.ª procura, no exercício da presidência, agilizar os trabalhos, mas esta
Casa tem uma dinâmica, tem um conjunto de forças. Quero dizer que precisamos,
depois de votar esses Vetos, voltar àquela proposta inicial de reunir as
Lideranças com a Presidência e com a Mesa Diretora e estabelecer um calendário
de votação. Se são trinta projetos, são trinta; se são quarenta, são quarenta.
Depois de vencer aquela etapa, vamos à etapa segunda. Agora não é necessário,
por quê? Porque o Veto tem preferência; ele tranca a Pauta, e, portanto,
obrigatoriamente, por dispositivo legal e regimental ele deve ser apreciado.
Mas eu venho à tribuna para dizer que é legítimo o Requerimento da bancada
governista que tentou adiar a votação e não conseguiu; é legítimo o
Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn que quer inverter. O que não é correto é
alguém ficar dentro do Plenário e não votar quando faz um requerimento. Isso
não está correto! Isso não está correto! Portanto, queríamos apenas registrar
essa questão da nossa Bancada pontualmente sobre este tema. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal, por solicitação do
Ver. Sebastião Melo, o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn que
solicita alteração da ordem de votação dos projetos. (Após a apuração nominal.)
Oito votos SIM e 07 votos NÃO.
De qualquer maneira são 15 Vereadores no Plenário, mais este Vereador, são 16. Portanto, votação nula; não há quórum, encerro os trabalhos da presente Sessão, com tristeza, faltando 25 minutos para o término.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h20min.)
* * * * *